Aprovados do concurso da Polícia Civil continuam cobrando do governo do Estado a convocação dos 175 remanescentes. Nesta terça-feira, 23, a comissão dos candidatos iria se reunir com o secretário de Segurança Pública, Cesar Simoni, para reivindicar o chamamento. O governo, porém, teria cancelado o encontro. Ao CT, o secretário estadual da Administração, Geferson Barros, confirmou que há déficit de pessoal, mas disse que não há previsão para novas nomeações.
“Ainda não tem nada decidido. Não tem previsão para chamar. Eu sei que está sendo discutido entre o secretário de Segurança Pública e a Casa Civil, mas não tem uma previsão para dar ainda não”, declarou o dirigente da Secad.
O certame que se iniciou em 2014 tem ainda 175 candidatos aptos a entrarem em exercício, com formação pela Academia de Polícia realizada em 2016.
“Não adianta fechar os olhos para a violência que vivemos. Homicídios vão continuar acontecendo se não há polícia científica e investigativa para chegar ao fim destes crimes e ainda policiais qualificados e peritos criminais para entregar à Justiça inquéritos consistentes que coloquem esses criminosos atrás das grades, de uma vez por todas. A população precisa e merece paz! E todos sabemos do déficit de profissionais que há hoje na Polícia Civil tocantinense. O governo necessita dar um reforço e convocar, de uma vez por todas os aprovados que ainda estão aguardando”, cobrou o candidato aprovado para o cargo de perito oficial Heyder Monteiro.
De acordo com a assessoria de comunicação dos aprovados, ainda no ano passado o governador do Tocantins, Marcelo Miranda (MDB), se comprometeu a convocar mais cinco peritos, 30 escrivães e 15 delegados. A promessa, contudo, não foi cumprida.
Para o candidato aprovado no cargo de perito oficial, Jorge Addad, a falta de pessoal tem prejudicado a resolução de crimes. “Sabemos que nossos colegas peritos e de outras áreas, têm excelente treinamento e capacidade para atuar na resolução dos crimes. Mas sabemos também que a falta de pessoal prejudica demais o trabalho, que muitas vezes poderia ser concluído num espaço de tempo curto e acaba sendo estendido por conta da deficiência de profissionais. Nós queremos ser convocados para trabalhar, contribuir e e solucionar estes crimes”, ressalta.
Crimes em Gurupi
Levantamento feito pela assessoria de comunicação dos aprovados, aponta aumento da criminalidade em Gurupi. De dezembro de 2017 até o dia 17 de janeiro de 2018, a maior cidade do Sul do Tocantins registrou 14 homicídios e duas tentativas de assassinato. Foram dez registros no mês de dezembro e quatro apenas na madrugada do dia 17.
Em dezembro do ano passado, a suspeita da Polícia era de que grupos rivais estivessem brigando pelo controle do tráfico de drogas. Os casos estão sendo investigados pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, mas a Polícia não descarta nenhuma linha de investigação.
Conforme o grupo, Geovane Miguel da Silva (18 anos), Marcos Túlio Sousa da Silva (24 anos), Elizair Querino Maciel (49 anos), Israel Barros de Aguiar (29 anos), Kleber Gomes de Sousa (33 anos), Rodrigo Alves Barros (31 anos), Francisco Nunes Ferreira (40 anos), Bonfim Kaio dos Santos de Oliveira (16 anos), José Bonfim Guilherme da Silva (34 anos), Thais Fernandes Lima (17 anos), Welton Pereira Pinto (31 anos) e mais três vítimas não identificadas engrossam a lista de crimes não solucionados pela Polícia.
Para os candidatos, a convocação se trata de “reforço emergencial” para Segurança Pública do Estado. “Numa cidade como Gurupi, fica impossível para os profissionais que já integram o quadro da Segurança Pública responderem aos chamados de tantos crimes. E se de um lado está a ação rápida dos bandidos, do outro há profissionais sobrecarregados, que aguardam reforços de um quantitativo maior”.
Em setembro do ano passado, uma comissão dos aprovados chegou a visitar a deputada federal Josi Nunes (MDB), que é uma das maiores aliadas do governador Marcelo Miranda, solicitando que a parlamentar assuma a mediação com o Palácio Araguaia para garantir a convocação dos remanescentes. Contudo, até o momento, os candidatos não tiveram retorno positivo.
Nomeações
Na primeira chamada, em maio de 2017, o governo convocou 53 candidatos para o provimento dos cargos de delegado, 13 médicos legistas, 35 peritos, 63 escrivães, 44 agentes e 26 necrotomistas.
Já no segundo semestre, o Estado nomeou cinco peritos, 31 delegados e 50 escrivães. No entanto, conforme o edital, o governo ainda deve convocar os 175 aprovados remanescentes.
Desta forma, ainda aguardam a nomeação final mais 88 escrivães, 47 delegados e 40 peritos. (Com informações da Ascom dos aprovados no concurso da PC)