Digo nunca é demais repetir porque os conceitos, ponderações ou mesmo considerações, quando referentes à espiritualidade e neste espaço já inúmeras vezes colocadas, tendem a cair no esquecimento ou muitos fazem questão de ignorar, como se ela, a espiritualidade estivesse apartada da realidade material e física dos seres humanos, sendo que estas não existiriam sem aquela.
A propósito da pandemia que ora se abate sobre a humanidade, que de tempos em tempos, como numa reprise histórica e milenar, iniciadas há milênios com as denominadas pragas do Egito, que nada mais eram que doenças locais de disseminação vasta e rápida, como nos conta a história da humanidade.
Agora, em pleno século XXI é a vez do covid-19 ou coronavírus que todos nós já conhecemos ou até mesmo estamos cheios de tanto ouvirmos falar dele, embora tenhamos nos dias atuais a ciência bem mais evoluída e que tende a eliminar esse malfadado vírus em bem menos tempo do que até há pouco tempo.
Mas a melhor idade, considerada como dos idosos, preferenciais, prioritários, etc, ninguém nega que sabe muito bem do que, porque e os que podem assim se considerar.
Mas nesse embate coronavírus versus melhor idade, que, aliás, no conceito social se inicia aos 60 anos de idade, que está acima de qualquer outra discussão sobre o assunto, o que nos chama atenção é perceber que a grande maioria nesse rol, do qual faço parte, além dos cuidados, precauções e prevenções, é perceptível, na grande maioria, o receio, para não dizer medo terrível da morte física, como se alguém fosse ficar para semente e é quando a atitude de medo ou até mesmo pavor, assume papel importante nesse quadro que vivemos.
Afirmo que nós, desse grupo de privilegiados, privilegiados sim, pois que já vivemos a maior parte do tempo que nos foi concedido aqui nesta dimensão terrena e queiramos ou não, uns já bem mais próximos do fim do que outros, se bem que não exista ordem cronológica para esse momento, pois, se houvesse, o pavor seria ainda maior. Ficando o momento último à cargo da agenda do Criador. O mais certo e indiscutível é que se esse tempo está se esgotando.
Questiono: Por que todo esse medo de mudar do estado material para o espiritual, para muitos a tão temida morte? Só encontro uma humana explicação: Falta de espiritualidade, apego aos bens materiais, o medo de abandonar as contas bancárias, as escrituras e os imóveis, as fazendas e os rebanhos, os carros de luxo e até as coisas materiais mais simples, para não dizer supérfluas e assim por diante. O que desagua na falta de aprofundamento no estudo das doutrinas que, embora de formas diferentes, têm o mesmo conteúdo e buscam o mesmo fim, ensinando-nos a aceitar o inevitável fim da matéria. A espiritualidade na teoria está em determinado patamar e exercê-la na prática é o grande desafio.
Quando da passagem por aqui, o Espírito Iluminado denominado Yausha, Cristo, Jesus de Nazaré, Filho do Homem, complementando os ensinamentos dos sábios Isaías, Confúcio, Sócrates e tantos outros, nos deixou ensinamentos na forma de conduzi-la, começando pelo sentido da oração, nos ensinando que quando orarmos, devemos entrar no quarto e, “fechada a porta”, orar ao Pai em secreto e o “Pai, que vê em secreto”, nos recompensará claramente.
Ele diz especificamente que, quando orarmos, não devemos ser como os gentios, que “presumem que por seu muito falar serão ouvidos”. E acrescenta: “Portanto, vós orareis assim”. E, então, ele ensina a Oração do Senhor (O Pai Nosso). Se não bastasse que o Divino Mestre quando nos últimos momentos na condição humana, exerceu a espiritualidade plena quando diz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” O perdão no sentido literal. E, finalmente, diz: “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito.” Confiança plena na vida espiritual!
De que adianta estar no pé do altar todos os dias, participar de novenas, missas, frequentar templos religiosos cristãos como católicos ou evangélicos, centros espíritas e tantas outras denominações, se na hora de exercermos a espiritualidade negam a fé que deveriam ter? Vão de encontro, de forma clara e insofismável, com palavras do Divino Mestre que nos ensinou que é preciso morrer para nascer de novo! Se não bastasse que até Ele experimentou a morte da matéria para ressuscitar como Espírito de luz.
Portanto, não se apavorem tanto amigos da terceira idade ou mesmo os mais jovens, quando escolhemos vir para cá, já trouxemos a agenda pronta e nela, embora invisível aos olhos, aos sentimentos e à percepção puramente humanas, já estão marcados o dia da chegada e o dia da partida. Com coronavírus ou não. “Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado
candido.povoa23@gmail.com