Em seu último pronunciamento como prefeito de Palmas, na sessão especial da Câmara Municipal desta terça-feira, 3, Carlos Amastha (PSB) classificou sua gestão como a mais “vigiada, fiscalizada, investigada, criticada” e a mais “aprovada” da história do Tocantins. Na ocasião, o pessebista falou sobre a expectativa que criou na campanha, ao propor o rompimento com as práticas da “velha política” e disse que a “politicagem miúda” sugou até o último centavo dos tocantinenses.
“Fui o prefeito na era em que os órgãos de controle ganharam mais personalidade e estrutura para fiscalizar. Quando a imprensa se tornou mais crítica e independente e quando a oposição teve mais liberdade para fiscalizar e exercer o seu papel. Fui o prefeito quando as redes sociais deram voz ao cidadão”, discursou o pessebista que renuncia ao cargo para disputar a cadeira do Palácio Araguaia no mês de outubro.
Conforme Amastha, a população acompanhou “de perto” cada passo seu, “não me permitindo errar”. “A um estrangeiro não é permitido errar. Eu sabia que a cobrança seria maior. Que o perdão às falhas permitidas aos políticos tradicionais a mim não seria concedido”, revelou o político colombiano. “Eu tinha a exata noção do tamanho da expectativa que criei com minha campanha ao propor o rompimento com as práticas da velha política. Por isso, nunca estranhei a cobrança e a pressão”, completou Amastha.
O pré-candidato ao governo do Estado contou que durante seus cinco anos e três meses de gestão teve que confrontar interesses, lutar contra o poder financeiro, fechar as portas para a corrupção, brigar contra as informações distorcidas e enfrentar o maior de todos os desafios: “a pior crise pela qual atravessou o Brasil e o Tocantins, em toda a nossa história”.
“Assumi a prefeitura de palmas em meio aos protestos de 2013, que mergulharam o Brasil na maior crise ética, econômica e política que já se teve notícia. Enquanto isso, o Tocantins arrastava também a sua crise moral com cassações, troca de governadores sucessivas que só afastavam investimentos e tornavam a nossa economia cada vez mais dependente do dinheiro público que eles imaginavam que seria infinito e não era. O dinheiro acabou, mas a troca de governadores continuou. A politicagem miúda continuou até sugar o último centavo. A última gota de paciência do servidor e do povo tocantinense”, criticou, ao afirmar que apenas Palmas não teria sucumbido à crise.
Mudanças
Como “herança” positiva de sua gestão, o pessebista destacou a redução no número de mortes de acidentes de trânsito, a ampliação das redes de tratamento de esgoto e o programa de residência médica municipal. Amastha apontou ainda que apesar de atrasos no repasse dos recursos do governo do Estado, Palmas atualmente tem uma “saúde de referência”.
“Equilibramos as finanças, cortamos despesas, cargos comissionados, regalias, mudamos as práticas e buscamos a eficiência. Aumentamos a folha de pagamento, diminuindo o número de funcionários, o que significa dizer que pagamos melhor os servidores que tocam a nossa máquina, com apenas 3% de cargos comissionados, porque realizamos concursos em quase todas as áreas”, detalhou.
Com a experiência que teve à frente do Executivo, ele disse deixar a Prefeitura de Palmas mais “maduro”, mas não menos “esperançoso” quanto ao futuro da política do Estado. “Eu ainda acredito que há pessoas que queiram resgatar o orgulho de ser tocantinense”, declarou.
Amastha reafirmou também acreditar na capacidade da prefeita Cinthia Ribeiro de gerir a Capital “pelo seu preparo, sua habilidade de conciliar e sua vontade de acertar”. Por fim, agradeceu aos servidores públicos, à família e à Deus. “Tenho a minha fé em Deus renovada pelas emoções que ele me proporcionou nesses cinco anos à frente da Prefeitura de Palmas. A todos os palmenses, um beijo no coração de cada um e vamos em frente, porque uma luta ainda maior nos aguarda”, despediu o prefeito.
Desafios da nova gestão
Em seu pronunciamento, já como prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB) falou de sua trajetória desde a juventude até chegar na vida política, em Brasília, com a oportunidade de trabalhar no gabinete do senador maranhense Epitácio Cafeteira. Ela contou que acompanhou os momentos mais marcantes da cena política do Tocantins nos últimos 25 anos e que o seu primeiro desafio como líder do Executivo é “manter o ritmo dos serviços públicos e o avanço dos projetos”.
A tucana revelou que enquanto vice-prefeita “não perdeu tempo e nem a oportunidade” de conhecer o funcionamento do Paço. “Frequentei todas as secretarias. Fui a campo em todos os projetos, participei do máximo de eventos possível, sem ser invasiva, com a descrição que o cargo exigia, mas com o apetite de um estudante que sabia que um dia podia se deparar com a responsabilidade de tocar uma máquina pública”, relatou.
Em relação a condução da cidade, segundo Cinthia, algumas políticas públicas ainda carecem de universalização e aperfeiçoamento. “Mas nada será interrompido”, garantiu. “Se temos a melhor limpeza pública, temos que garantir que ela chegue a todos os bairros. Se temos a melhor educação de tempo integral temos que atingir a meta de atingir 100% dos alunos, e assim por diante. Não se trata de fazer mais do mesmo. Se trata de melhorar o que está dando certo, com meu estilo próprio. Tudo está muito bem definido, planejado, testado e aprovado. É hora de ampliar, de avançar e consolidar. E estas serão as minhas marcas como gestora”, frisou.
A prefeita disse que pretende estabelecer a melhor relação possível com as demais instituições: governo federal, bancada federal, governo do Estado, Judiciário, órgãos de controle, entidades de classe e, sobretudo, com a Câmara Municipal. “A mais harmoniosa possível, mas também, a mais produtiva e profícua. Esta é a relação que quero com o Legislativo. A mais republicana e democrática possível”.
Ao finalizar o discurso, a prefeita prometeu ser uma “servidora pública exemplar” e falou que o desafio maior está nas mãos do seu antecessor, o pré-candidato ao governo Carlos Amastha. “Agora, é a vez do Tocantins. Do sofrido Tocantins experimentar alguma estabilidade e políticas públicas testadas neste grande laboratório que foi Palmas. O desafio de Amastha é muito maior que o meu. Mas o nosso Deus é o mesmo. O nosso povo é o mesmo e tenho certeza que ele terá sucesso neste novo desafio”, concluiu.
Renúncia
O pré-candidato ao governo do Estado Carlos Amastha transferiu o comando de Palmas para a sua vice, Cinthia Ribeiro, nesta terça-feira, no Theatro Fernanda Montenegro. O afastamento do pessebista é obrigatório (desincompatibilização), conforme a Lei Complementar nº 64/199, para que ele possa disputar as eleições de outubro.
Amastha também pretende concorrer a eleição suplementar do dia 3 de junho. Contudo, sua candidatura depende ainda da definição das regras do pleito, pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).