A senadora Kátia Abreu (PP) se reuniu nesta quarta-feira, 28, com o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, para tratar da 6ª edição da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), prevista para o segundo semestre deste ano.
4% das importações chinesas
Kátia Abreu afirmou que o Brasil fornece 4% de todas as importações chinesas. No segmento agropecuário, o carro-chefe do comércio exterior brasileiro, a fatia de mercado sobe para 23% de tudo que é importado pelo país asiático. Para a senadora, o Brasil deve fixar metas de exportação, a fim de se beneficiar do crescimento previsto para a economia chinesa nas próximas duas décadas. Deve também se esforçar para ampliar a sua participação relativa no mercado chinês, explorando novos nichos comerciais e aumentando as vendas nos segmentos em que já opera.
Cosban dá oportunidade
Kátia defendeu que o Brasil tem a oportunidade de usar a Cosban para ampliar esses percentuais, porque a China pretende, nos próximos dez anos, ter um crescimento de 25 trilhões de dólares em suas importações. “Em relação a alimentos, o investimento não é alto. No segmento de carnes, precisamos apenas ampliar o número de plantas frigoríficas autorizadas a exportar para a China”, acrescentou a senadora tocantinense, que ainda destacou o potencial de ampliação de vendas de produtos como frutas tropicais, chocolates finos e café.
Relação com poucos zelos com a China
A Cosban é presidida pelos vice-presidentes dos dois países, Hamilton Mourão e o chinês Wang Qishan, e tem o propósito de promover a parceria estratégica Brasil-China, em suas vertentes econômico-comercial, tecnológica e de cooperação para o desenvolvimento. Apesar da importância da China, o país vem sendo tratado com poucos zelos pelo governo Jair Bolsonaro. Na noite dessa terça-feira, 27, mesmo o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve que vir a público para justificar a afirmação dele de que os chineses “inventaram” o novo coronavírus e que a vacina do país para impedir o avanço da doença é “menos efetiva” do que o imunizante da Pfizer, dos Estados Unidos. Apesar a repercussão negativa, Guedes disse à imprensa que usou uma “imagem infeliz”.
Defesa da relação com a China
Mas o vice-presidente tem se mostrado mais atento ao relacionamento com os chineses. Em novembro, por exemplo, ele defendeu a relação com o principal parceiro comercial dos brasileiros, após um dos ataques desferidos contra a China pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente da República. “A China é nosso maior parceiro comercial desde 2009. A crise mundial gerada pela pandemia do Covid-19 não alterou esse quadro, ao contrário: as autoridades chinesas estimam que a importação de produtos brasileiros baterá recorde em 2020, contrastando com o contexto de desaceleração generalizada do comércio internacional”, disse Mourão, na abertura de um seminário do Conselho Empresarial Brasil-China, em 26 de novembro.
Convite a Kátia
Hamilton Mourão convidou Kátia Abreu a participar do próximo encontro preparatório brasileiro para a 6ª edição da Cosban, em junho, bem como da reunião de cúpula do mecanismo bilateral, marcada para o segundo semestre.