As ações do Sistema Único de Saúde (SUS) do 1ª quadrimestre no âmbito da Capital foram apresentadas na manhã desta terça-feira, 25, em audiência pública na Câmara de Palmas. A pandemia da Covid-19 foi o principal ponto da apresentação.
Pessoal abrange maior parte do Orçamento
À frente da Secretaria da Saúde (Semus) ainda de forma interina, Thiago De Paulo Marconi fez um balanço resumido dos investimentos. No quadrimestre, a pasta liquidou R$ 78 milhões dos R$ 87 milhões arrecadados para o período. A maior parte do recurso foi para despesas com pessoal, cerca de R$ 58 milhões. Conforme o gestor, a rede municipal conta com 3.381 trabalhadores que atendem uma população de 306 mil habitantes. Outros gastos, como custeio, somaram R$ 17 milhões; enquanto apenas R$ 2 milhões foram investidos.
Tendência de crescimento da doença
Presidente do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) e secretário executivo da Semus, Daniel Borini foi o responsável por falar da pandemia na Capital, que já dura 433 dias, soma 40.735 casos, sendo 508 óbitos. “Nenhum de nós esperávamos que tivesse um período tão longo e um cenário sem visão de término”, comentou o servidor, que lamenta a tendência de crescimento da doença, que se repete em todo o País. “É um alerta para podermos organizar nossas ações”, antecipa. A taxa de reprodução da doença chegou a ficar em 0,68 em abril – cada 100 contaminam outros 68 -, mas este número subiu para 1,27 na última semana epidemiológica.
Letalidade baixa, mas a melhor medida é não pegar a doença
Apesar do crescimento da reprodução da doença, Daniel Borini destacou que Palmas tem a menor taxa de letalidade entre as capitais, em 1,25%, que é o número de óbitos pelo número de casos confirmados da doença. A mortalidade – mortes comparadas à população – também está entre as menores. Apesar do número, o presidente do COE reforça a gravidade da doença. “Um dado que não gostaria de falar: das pessoas intubadas, 66% morrem. A melhor medida é não pegar a doença”, anotou.
Vacinação dos profissionais da educação e reserva para 2º dose
O presidente do COE de Palmas também atualizou os números sobre a vacinação contra a Covid-19. Aproximadamente, 70 mil doses foram aplicadas de um universo de 78 mil recebidas. Sobre esta diferença, Daniel Borini explica ser necessária uma reserva para garantir a aplicação da 2ª vacina dos primeiros grupos prioritários. Conforme a Semus, 18.322 completaram a imunização. Sobre a possibilidade de imunizar os profissionais da rede de ensino, o secretário executivo projetou a inclusão do grupo em um mês, mas admitiu que ainda não há informações oficiais. “É possível que em junho, ainda na primeira quinzena, seja o início da vacinação dos professores”, afirmou.
Falta de insumos
Após uma série de manifestações de representantes de órgãos de controle e dos vereadores, Thiago Marconi voltou para esclarecer dúvidas e questionamentos. Uma delas foi em relação à falta de medicamentos e insumos. O gestor explica que este problema foi gerado pela falta dos produtos no mercado e cita que vários procedimentos de compra foram desertos ou fracassados. A Semus afirma que irá dispensar a licitação para suprir a demanda por três meses até que um novo procedimento licitatório seja concluído.
Secretário garante estrutura para reuniões do CMS
A Semus ainda foi bastante questionada por conselheiros municipais da Saúde (CMS), que relataram falta de verba e de estrutura para realizar as reuniões. O episódio já é investigado pelo Ministério Público (MPE). Thiago Marconi prometeu resolver. “A gente entende a responsabilidade do Conselho e vamos trabalhar para que seja suprido”, disse. O secretário relatou que a pasta já tem R$ 30 mil que serão transferidos ao CMS e garantiu a contratação de servidora e de uma sala equipada para os encontros do colegiado.
Outros esclarecimentos
O secretário ainda destacou a ampliação de 5 mil metros cúbicos de oxigênio para 20 mil ainda nesta semana, esclareceu que média do prazo de consultas é de 30 dias, confirmou haver seis unidades sentinelas contra a Covid-19 no município e revelou que há um estudo sobre a implementação do Hospital de Palmas. “A questão maior não é a construção, é a manutenção”, expôs. Thiago Marconi também argumentou que a redução da procura por outros procedimentos na rede municipal é gerado pelo medo da contaminação da Covid-19, sugeriu um trabalho conjunto com o Estado para evitar a chegada da variante da Ìndia, já encontrada no Maranhão,
Mais um round
Como era de se esperar, a audiência contou com mais um embate entre a presidente da Câmara, Janad Valcari (Podemos), e o líder do Paço, Rogério Freitas (MDB). A parlamentar deu o pontapé na discussão ao listar uma série de questionamentos em relação à gestão da Semus – parte delas esclarecida por Thiago Marconi. “Constam [na apresentação] várias controvérsias, inclusive que incriminam”, disparou. O emedebista reagiu. “Eu me senti obrigado a vir à Tribuna, porque quando vemos a vereadora falar, parece que ela é única no mundo. Não existe órgão de controle, de fiscalização. É como se ninguém fizesse nada. Que a taxa de letalidade é de 1,24% é a menor entre as capitais não se fala”, ponderou. A tréplica veio em tom irônico. “Não elogio a prefeita [Cinthia Ribeiro, PSDB], mas hoje quero elogiar. […] Para bajular assim, a senhora deve estar tratando muito bem. Parabéns por cuidar bens dos seus vereadores”, provocou.
Veja a íntegra da audiência pública de prestação de contas do 1º quadrimestre da Saúde de Palmas: