¿Por qué no te callas? Foi uma frase dita pelo rei João Carlos I da Espanha ao presidente Venezuelano Hugo Chávez durante a XVII Conferência Ibero-Americana, realizada na cidade de Santiago do Chile, no final de 2007. Vou ser mais direto: por que não fica calado, ministro? Não somos idiotas e acreditamos em um futuro melhor para o povo brasileiro.
O Ministro Milton Ribeiro é teólogo e advogado, com doutorado em Educação. Ele é pastor da Igreja Presbiteriana e mesmo com toda essa formação é uma pessoa sem o mínimo de consideração com o povo brasileiro menos favorecido.
Observem bem o que ele falou:
No programa “Sem Censura” exibido pela TV Brasil na noite do dia 9, o ministro da Educação defendeu que a universidade deveria “ser para poucos” para ser “útil à sociedade”. “Tem muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, tem uma demanda muito grande”.
Falou ainda:
…”pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos ‘filhinhos de papai’ que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados”. Afirmou também, que os reitores de universidades federais não podem ser “esquerdistas” ou “lulistas”: “As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, nem de direita, e muito menos de esquerda”.
A Constituição Federal em seu Art. 207 deixa claro que “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial”. As universidades devem ter a liberdade e o dever de discutir todos os temas de uma Nação. Se os temas são de direita, esquerda ou centro pouco importa, pois a educação deve abranger todos os interesses políticos e particulares de alunos, professores e funcionários.
O que este Ministro anda falando assusta até o demônio. Quem ele acha que é para decidir o futuro de qualquer brasileiro? Deve ter problemas psicológicos sérios, ou ter passado por um processo de lavagem cerebral na Mackenzie ou em algum templo evangélico. Normal ele não é. Todos os brasileiros pagam impostos e o valor pago deve ser revertido na distribuição de renda. Se alguém paga mais é porque ganha mais, portanto é justo.
No ano passado, ele disse o seguinte: “Hoje, ser um professor é ter quase que uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa”.
Vejam um trecho da carta da professora Márcia Friggi, respondendo a ele:
“…eu entendo perfeitamente sua linha de raciocínio quando afirma que aqueles que escolheram o magistério, o fizeram por não conseguirem exercer outra ocupação. Na sua lógica torta, só tem valor a profissão bem remunerada. A sua lógica é o dinheiro. Sim, o magistério brasileiro é a força de trabalho, com curso superior, com menor renda neste país. Nem todos escolhem seu ofício por dinheiro. Há os que o escolhem por amor e decidem continuar nele para lutar. Para lutar contra embustes como o senhor, contra as más condições de trabalho e salário.
Ministro, nós venceremos! Em muito menos de um par de anos o senhor não será lembrado, mas nós resistiremos! Eu resistirei! E ser professor no Brasil ou em qualquer outra parte do planeta, continuará sendo uma das profissões mais nobres a qual um ser humano poderá ter a honra de dedicar seu tempo e a sua vida!
Recolha-se a sua insignificância histórica, senhor Ministro! ”
Em um país em processo permanente de desenvolvimento, que só vai avançar por meio da educação, ter um ministro com essas convicções é, com certeza, o prenúncio de um futuro sombrio para todos nós.
Enquanto os políticos e as redes sociais estão discutindo voto impresso, CPI, distritão, tanques na rua, negacionismo e tantas outras baboseiras, este ministro sem escrúpulo anda pelo país desfazendo tudo o que foi construído para elevar a educação do Brasil.
Estranho que os veículos de comunicação, as redes sociais e, principalmente, as universidades se calem diante de um dos maiores perigos que assombram a nação brasileira.
Não vai adiantar ser um país rico e ser medíocre com a sua educação.
Triste!
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br