A escalada autoritária do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi tema de uma reunião remota entre 25 dos 27 governadores do País. Apenas Mauro Carlesse (PSL), do Tocantins; e Wilson Lima (PSC), do Amazonas, não participaram do debate. Conforme a Folha, o chefe do Executivo de São Paulo, João Doria (PSDB) fez um alerta sobre a infiltração bolsonarista nas Polícias Militares (PM) e defendeu uma atuação conjunta em prol da democracia. “O presidente flerta com o autoritarismo permanentemente, e muitos de seus ministros endossam isso. Nós, que fomos eleitos, temos obrigação de nos manifestar em favor da liberdade, do Supremo”, destacou o tucano. Na ocasião, o Fórum de Governadores deliberou a solicitação de uma audiência com Jair Bolsonaro, além da elaboração de uma carta aos chefes dos Poderes, na tentativa de aliviar a tensão.
Segundo o coordenador do fórum de governadores e governador do Piauí, Wellington Dias (PT), a expectativa é de que o possível encontro com Bolsonaro na próxima semana servirá para tentar harmonizar a relação entre os Poderes.
“O objetivo é demonstrar a importância de o Brasil ter um ambiente de paz, de serenidade onde possamos garantir a forma de valorização da democracia, mas principalmente criar um ambiente de confiança que permita atração de investimentos, geração de empregos e renda”, disse Dias.
Para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), a intenção é “utilizar a força dos governadores que falam em nome da população e levar essa fala dos 27 governadores para todos os Poderes constituídos no país”.
A reunião do Fórum Nacional de Governadores foi realizada três dias após o presidente Jair Bolsonaro pedir o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Além disso, ocorre depois da Polícia Federal deflagrar uma operação para investigar a incitação de atos violentos contra a democracia.
A decisão de Bolsonaro foi duramente criticada pelos governadores do país e, por isso, eles anunciaram que estão preparando uma carta para os representantes dos Poderes, como da Câmara dos Deputados, do Senado e do STF, na tentativa de marcar reuniões para reduzir a instabilidade política, além de debater temas de interesse dos estados.
“Foi uma proposta de consenso de todos nós, governadores, pela nossa disparidade de posições políticas e partidárias, mas, pela harmonia que temos no nosso grupo, nós temos condições de ajudar nessas relações”, enfatizou Ibaneis.
Carlesse ausente
É a segunda vez que Mauro Carlesse fica de fora do debate sobre a escalada autoritária do presidente. No dia 16 deste mês, o tocantinense deixou de assinar uma carta de governadores em defesa do Supremo Tribunal Federal (STF). Na época, Jair Bolsonaro ameaçava pedir o impedimento dos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, promessa que cumpriu contra o segundo. (Com informações da Ansa)