Tenho conversado nos últimos dias com antigas e confiáveis fontes, de norte a sul do Tocantins, a quem há muitos anos recorro para vislumbrar o cenário eleitoral que se desenha. Praticamente unânime que o nome do senador Eduardo Gomes (MDB) vai naturalmente ganhando consistência para ser o candidato mais competitivo ao governo do Estado pela oposição ao Palácio. Essa é a candidatura mais legítima, a que nasce da base.
Prefeitos, vereadores e líderes diversos têm dito que Gomes é o único nome para fazer frente à força também sempre natural da máquina do Estado. O governo do Tocantins vem sendo conduzido por um político experiente, competente e com forte penetração nas mais diversas correntes do Estado. A prova desses predicados é que o governador interino Wanderlei Barbosa (sem partido) está, no clichê político, “varrendo para dentro”, ao desfazer intrigas e reaproximando líderes que haviam se afastado na gestão de seu antecessor. Será, sem dúvida, um candidato extremamente forte em outubro.
Por isso, avaliam essas fontes da coluna, os líderes vêem Gomes como a única possibilidade de uma disputa de igual para igual com a máquina do governo e com o político habilidosíssimo que a pilota. Primeiro, apontam, pela personalidade do senador. É conciliador nato, não entra na radicalização burra dos dias atuais, mesmo sendo um dos principais homens do presidente Jair Bolsonaro no Congresso. No Tocantins, uma das muitas demonstrações disso foi seu ingresso repentino no MDB. Em nenhum momento chutou a porta, como vários fizeram no passado.
Gomes ainda sabe valorizar seus aliados, estimulá-los e contribuir para que seus projetos políticos e gestões, no caso dos prefeitos, avancem. Fato é que é muito raro chegar uma informação de município sobre liberação de verbas federais, inaugurações e lançamentos de obras que não tenha a digital do senador.
Ele ainda possui a virtude, continuam as fontes ouvidas, de separar os interesses do Estado das divergências eleitorais. É muito comum líderes misturarem as duas estações e partirem para a prática pequena de impedir acesso de governos adversários a recursos para simplesmente prejudicá-los politicamente – mesmo que isso afete também a população.
Outra característica pessoal que faz o senador se destacar no cenário, avaliam esses líderes ouvidos, é que não se impõe, não exige reconhecimento ostensivo de paternidade, não cobra a todo momento que seja colocado num pedestal. “A palavra que define bem essa postura do Gomes é humildade. Ele é até humilde demais diante do que representa hoje na política estadual e nacional”, opinou um prefeito do Bico do Papagaio, região em que o gestor disse à coluna que de 20 a 25 dos 30 principais líderes querem a candidatura do senador ao governo do Tocantins.
Além da vantagem que lhe dá sua personalidade, Gomes traz o aprendizado do senador João Ribeiro, de quem foi um discípulo disciplinado. É a postura de “vereadorzão” que Ribeiro sempre impingiu ao cargo. Ou seja, ele se destacava em Brasília, mas não se esquecia de que era o Tocantins quem sustentava o seu brilho. Por isso, percorria o Estado o ano todo, visitando seus prefeitos (mesmo adversários e até, eventualmente, quem chegava a traí-lo), conhecendo as necessidades dos municípios e movimentando-se nos ministérios em busca de soluções.
Gomes refaz esse caminho de João Ribeiro e está sempre presente pelo Estado ou — por conta das limitações de tempo que lhe impõe a função de líder do governo no Congresso — leva seus líderes a Brasília para lhes garantir assistência.
Assim, a soma de sua personalidade, o aprendizado que teve com João Ribeiro e a utilização da força que conquistou no governo Bolsonaro em favor do Estado foi o que ascendeu naturalmente Eduardo Gomes à condição de fortíssimo pré-candidato ao governo do Tocantins.
Claro que não será uma “barbada”, mas uma das eleições mais difíceis e mais disputadas do Tocantins, que nos fará lembrar os embates históricos de Marcelo Miranda x Siqueira Campos de 2006 e de Carlos Gaguim x Siqueira Campos de 2010.
Agora é fato que a pré-candidatura de Gomes já fugiu de sua vontade pessoal. Está sendo imposta por seus líderes.
E repito: não existe candidatura mais legítima do que a que nasce assim. Ainda mais: é irreversível.
CT, Palmas, 19 de janeiro de 2022.