A informação de que o ex-prefeito de Gurupi Laurez Moreira pode trocar o Avante pelo PDT é mais uma das tantas novidades pré-eleitorais que vão surgir nas próximas semanas, como a coluna afirmou nessa quarta-feira, 2. Mas, uma vez que se trata de um pré-candidato a governador, essa mexida no tabuleiro merece uma reflexão à parte.
Primeiro é necessário ressaltar que o PDT era uma das opções de filiação analisadas pelo governador interino Wanderlei Barbosa (sem partido). Na verdade, pouco antes de assumir em 20 de outubro, ele chegou a anunciar que voltaria à legenda da qual fez parte por vários anos e que hoje é presidida por seu agora secretário estadual da Infraestrutura, Jairo Mariano.
No comando do Palácio Araguaia, corretamente, Wanderlei refluiu. Uma coisa é o político que exerce uma função até secundária, ainda que importante, e que, por isso, pode decidir conforme sua conveniência pessoal para onde ir. Outra totalmente diferente é o governador do Estado. Ele não tem só um processo eleitoral para vencer, mas, antes disso e primordialmente, uma gestão dependente até a medula do governo federal para tocar.
Assim, avaliou acertadamente o governador, ele não pode se dar ao direito de movimentar-se partidariamente a despeito das demandas essenciais para garantir a sobrevivência do Estado e melhorias na qualidade de vida da população.
No nosso BBB eleitoral do Tocantins, com a possibilidade de filiação de Laurez, o que deve se concretizar nos próximos dias, o brother PDT está eliminado do leque de partidos que Wanderlei estuda para se filiar.
De um jeito ou de outro.
Veja a afirmação do ainda presidente regional pedetista, Jairo Mariano: “[Na sigla] Laurez ganha uma boa musculatura para continuar seu projeto rumo ao Palácio Araguaia”. Depende. O PDT tem um importantíssimo presidenciável, Ciro Gomes, tradição, bom fundo eleitoral e tempos de rádio e TV. Esse conjunto pode, e muito, favorecer a pré-candidatura do ex-prefeito de Gurupi, mas apenas numa condição: que Mariano seja destituído da presidência e que ela passe para as mãos de Laurez.
Basicamente porque o PDT compõe, neste momento, a aliança que está sendo construída para dar sustentação à campanha de reeleição de Wanderlei. Prova disso é que o presidente da legenda ocupa um dos cargos mais importantes da gestão estadual. Ou o secretário da Infraestrutura, Jairo Mariano, pretende compor com a oposição ao Palácio para as eleições de outubro? Óbvio que não.
Nessa hipótese, com o PDT sob seu comando, Laurez seguiria com o projeto de disputar o governo do Tocantins no grupo formado pelo senador Eduardo Gomes (MDB) e pelo ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (Podemos), ou ainda em carreira solo, buscando construir a candidatura com a terceira via.
Porém, se Mariano permanecer na presidência do PDT, então é Laurez que passará a compor a aliança palaciana, a partir do momento em que ingressa num partido já devidamente acomodado nas hostes governamentais. Se isso ocorrer, ganha força a especulação de que o ex-prefeito de Gurupi pode ser, e é, uma excelente opção de vice para Wanderlei, o que Laurez vem tendo que negar frequentemente.
Nesse cenário possível de ter o ex-prefeito no grupo de situação como um ótimo candidato para a majoritária, também o PDT estará descartado como opção para o governador se filiar – prazo que termina em 2 de abril e essa discussão de vice avançará até julho.
Sem o partido de Mariano/Laurez, Wanderlei terá que escolher entre os outros brothers: PP, Solidariedade e os demais convites que já recebeu.
Alguns têm dito à coluna que a escolha do governador será por um partido de centro, campo no qual poderá navegar sem confusão com o extremismo bolsonarista nem precisará descartar uma proximidade com a oposição ao presidente da República.
Nisso Wanderlei acerta novamente.
CT, Palmas, 3 de fevereiro de 2022.