De acordo com o que escrevemos no último artigo “Acreditar ou não (I), aqui estamos de volta para prosseguirmos nesse interessante tema. Concluí o primeiro artigo com seguintes colocações: “Muitos assim não fazem e deixam de reconhecer a existência de uma força superior porque teriam que curvar-se diante dela, a fé.”
Continuemos: Em algumas pessoas a fé parece já estar inserida em seus sentimentos e basta uma fagulha para acendê-la e desenvolvê-la. Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é mais uma evidência de que cada um de nós somos únicos no projeto do Supremo Criador e prova de forma inconteste que muitos já chegam para o estágio em nossa Terra, com o espírito mais evoluído e não sofrem tanto para descobrirem as verdades imutáveis provenientes de mundos superiores.
Já em outras pessoas, ao contrário, essas verdades encontram dificuldades de serem absorvidas e entendidas, sendo que em grande parte desse grupo, nem mesmo uma vida terrestre inteira é capaz de acender essa fagulha espiritual.
Naquelas pessoas em que a fé é uma semente já vem plantada de forma explícita, já creram e compreenderam o seu papel nesta passagem por aqui. Esses estão com a educação espiritual pronta e com a lição que trouxeram para aprender, concluída; As outras têm tudo por aprender, estão com a educação e a lição a serem feitas, que um dia mais cedo ou mais tarde haverão de ser concluídas, se não nesta existência, ficará para a próxima.
Diante disso é que podemos convir que a resistência do incrédulo, provém menos dele do que da maneira que se lhes apresentam as coisas e os fatos.
A fé necessita de uma base, que se funda na inteligência perfeita sobre aquilo de que se deve crer. E para crer, não basta ver, é necessário, antes de tudo, compreender.
A fé cega já não é de agora, vem de tempos imemoriais, tanto é que precisamente o “dogma” da fé cega é responsável pelo maior número de incrédulos, isso porque ela pretende impor-se, deixando de lado uma das mais importantes prerrogativas do ser humano: o raciocínio e o livre arbítrio. É contra esse tipo de fé que se opõe o incrédulo, é dela que se pode dizer com absoluta certeza, que a fé não se prescreve. Não dando a importância necessária às provas, ela deixa no espírito algo de vago, daí nascendo a dúvida.
Já pelo contrário, a fé raciocinada, por apoiar-se em fatos e na lógica, não deixa dúvidas. As pessoas creem porque têm certeza e a ninguém é dado de não ter certeza depois que compreendeu.
A fé inabalável só existe quando se pode encarar de frente a razão, isso em todas as épocas e, também, sabendo e entendendo que cada período da humanidade contém suas características e formas de convivência e sobrevivência humanas. E a essa realidade só se chega e é alcançada através da espiritualidade que está acima da incredulidade e sempre que não encontra oposição sistemática e eivada de interesses próprios. (Voltaremos ao assunto).
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com