Este é um tema polêmico e espinhoso, mas tenho visto borbulhar aqui e ali as críticas mais disparatadas sobre o investimento que o governo do Tocantins vai fazer em publicidade oficial, com a autorização do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e que, durante a campanha, precisará submeter ao crivo do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-TO). Pelo momento delicado que passamos, há uma avalanche de fake news sobre o assunto, movida por interesses claramente eleitoreiros e que sensibiliza os mais passionais, que reagem na base da desinformação. Pior, para isso, não pensam duas vezes em tentar criminalizar, mesmo que indiretamente, os veículos de comunicação, que, em história de verbas publicitárias oficiais, se encaixam naquele dito irônico: são os últimos que falam e os primeiros que apanham.
Primeiro que não é verdade que o TCE autorizou a Secretaria Estadual da Comunicação (Secom) a utilizar R$ 40 milhões em publicidade, o que, realmente, seria descabido. Na verdade, foram cerca de R$ 5,7 milhões para o ano todo, o que é muito pouco, diga-se, diante da necessidade de levar informação e promover a conscientização sobre temas dos mais relevantes para a população tocantinense.
Aí vem outro ponto fundamental: a Secom não poderá investir um real desse dinheiro em promoção de ações de governo, mas somente em campanhas de utilidade pública, sem as quais problemas de saúde e ambientais poderão se agravar. Somente com conteúdos como doação de sangue (situação sempre periclitante do hemocentro não pode ser relegada a quinto plano), de combate à queimada (o esclarecimento e os alertas para reduzir os danos à saúde e ao meio ambiente são indispensáveis) e outras de saúde pública, como a dengue e a covid-19, cujos números voltam a subir e preocupar.
Ninguém tem dúvida da importância do jornalismo profissional e da publicidade oficial no combate à desinformação na auge da pandemia. Temos o orgulho de dizer que todos os veículos sérios erguemos a bandeira da ciência e da prevenção, abrindo espaço aos anúncios preventivos e informativos e aos homens e mulheres da ciência para que alertassem e orientassem. Sem esse trabalho casado de publicidade e jornalismo, não resta a menor dúvida de que os números de vítimas da pandemia seriam ainda mais trágicos.
Ou seja, a publicidade não se trata de colocar o Estado como mecenas da imprensa para que esta atue a seu favor. É sobretudo um serviço essencial de informação, prevenção e orientação que salva vidas e reduz os prejuízos socioambientais, econômicos e é capaz até mesmo de atrair investimentos.
Daí vem o tema mais delicado, mas que nós, veículos engajados com o jornalismo profissional sério, não temos qualquer constrangimento em debater. Tentam, por motivos eleitoreiros ou reação passional e desinformada a eles, criminalizar sites, jornais, rádios e TVs que recebem os investimentos para prestar esse serviço essencial. Um político me disse que recentemente nós, veículos, recebemos R$ 37 milhões do governo Mauro Carlesse (Agir). Se houve todo esse montante para a comunicação, a coisa mais certa do mundo é que não fomos nós, os veículos, os beneficiados. Como sempre, ficamos uma parcela ínfima diante da importância do nosso trabalho.
Não só o governo anterior como todos os que o antecederam, no que investiram menos foi nos veículos de jornalismo. Há registros no passado de gastos absurdos, por exemplo, com estrutura de anúncio de aeroporto. Não que não se deva fazê-lo para divulgar nossas potencialidades ao Brasil e ao mundo, mas na proporção que chega ao nosso conhecimento é de um desfaçatez sem igual. Ainda já se pegou dinheiro de comunicação para pagar giroflex de viaturas de segurança pública, para dar a marqueteiro de governador e para os fins mais diversos, tirando das empresas de jornalismo que prestam serviço efetivo, relevante e essencial ao Estado. Afinal, sem informação de qualidade, não tem democracia, nem sociedade bem orientada para cuidar de sua saúde, de suas finanças, de sua alimentação, de sua vida.
Os veículos de comunicação do Estado são empresas, não pessoas físicas, que geram empregos, pagam impostos e contribuem muito para a produção de renda no Tocantins. Ainda assim são o elo mais fraco dessa relação com a publicidade, e a eles sempre se impõem e nunca sequer são ouvidos. Por isso, essa criminalização que fazem ao nosso trabalho é altamente desrespeitosa, injusta, oportunista, antidemocrática e, sobretudo, mentirosa.
Por outro lado, falam ainda numa suposta “compra silenciosa” de linha editorial com os baixos investimentos feitos em veículos. Na Coluna do CT — e não tenho dúvida de que é a postura de todos os veículos de maior audiência e credibilidade do Estado — não temos o menor receio de perguntar a qualquer corrente política quando lhe fechamos as portas em suas ações e nas críticas a governo. A resposta é só uma: nunca.
Sempre foi nosso princípio que a parceria comercial jamais vai pautar a linha editorial da Coluna do CT. E assim ocorre. O que fazemos, ciente da nossa responsabilidade com o equilíbrio do Estado, é não se deixar levar por denuncismo de lado a lado — oposição ou governo —, que são passageiros, mas o Tocantins é permanente. A despeito de quem ganha ou perca eleição, precisamos que o Estado continue de pé e funcionando. Por isso, não entramos em nenhuma onda denuncista, meramente eleitoreira e sempre — insisto: sempre — aguardamos manifestação de órgãos de fiscalização e controle e do Judiciário.
Se alguém se deixa contaminar editorialmente pelo pouco que se investe em seu veículo, é porque não dá valor ao produto que tem.
A Coluna do CT dá o devido valor ao trabalho penoso, muitas vezes incompreendido, mas sério que realiza, e não tenho dúvida de que todos os principais veículos do Estado também.
CT, Palmas, 20 de junho de 2022.