O desempenho do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno na disputa pelo Palácio do Planalto gerou fortes reações de produtores rurais, comumente ligados ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Na segunda-feira, 3, um dia depois da votação, um documento da empresa Stara Evolução Constante, do Rio Grande do Sul, viralizou nas redes sociais. “Diante da atual instabilidade política e possível alteração de diretrizes econômicas no Brasil após os resultados prévios do pleito eleitoral em 2 de outubro e, em se mantendo este mesmo resultado no 2º turno, a empresa deverá reduzir sua base orçamentária em, pelo menos, 30%”, discorre em texto.
PROJEÇÃO NATURAL DE EMPRESAS, SEM INTENÇÃO DE COAÇÃO
O material não pegou bem e a Stara acabou sendo denunciada ao Ministério Público do Trabalho (MPT), obrigando o diretor-presidente a prestar esclarecimentos. “Devido à instabilidade econômica que estamos vivendo, estamos refazendo nossa projeção para 2023, o que é absolutamente natural nas empresas. Este comunicado visa deixar claro esta informação para nossos fornecedores. […] Não acredite em fake news, que falam que a Stara vai demitir 1 mil, 1,5 mil. Tanta conversa que tão jogando por aí. Isto não é verdade, e muito menos queremos coagir pessoas para votar no A ou B. Somos uma empresa séria”, disse Átila Stapelbroek Trennepohl em vídeo publicado nas redes.
AÇÃO SEMELHANTE NO TOCANTINS
A ação parece ter se espalhado pelo Tocantins. Circula nas redes sociais comunicados do Grupo Soberano Agronegócios, que atua em cinco municípios, e das Fazendas N.S.A, de Araguacema, com teor semelhante ao da Stara. Inclusive, os trechos falando das eleições são completamente idênticos, trazendo mudanças apenas nas consequências. Ao invés da redução, ambas prometem a suspensão por tempo indeterminado dos investimentos no Estado caso Lula seja eleito. O primeiro, com atuação em Rio Sono, Novo Acordo, Lajeado Miracema e Aparecida do Rio Negro, ainda aproveita para pedir que o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) – que pretende se manter neutro no pleito – apoie a reeleição de Bolsonaro.
BOICOTE AO COMÉRCIO
Além disso, áudios estão circulando pelas redes sociais, pelos quais produtores rurais pedem boicote a comerciantes que defendem a candidatura de Lula. A coluna tem esses áudios, mas preferiu não publicar para não expor os envolvidos. Num deles, a pessoa diz que “os mercados de Araguacema que são petistas, os fazendeiros não vão comprar de nenhum deles mais”. E recomenda que os produtores rurais só comprem de um mercado cidade, “que é Bolsonaro”.
PETISTA PROIBIDO EM FAZENDAS
Noutro áudio, um produtor, muito irritado, diz estar numa reunião com 12 fazendeiros da região (não informa qual) e afirma que vai voltar para o Paraná, porque lá as pessoas “são de bem”, possivelmente uma referência ao fato de Bolsonaro ter vencido no Estado do Sul e perdido para Lula no Tocantins. “Petista é proibido de entrar nas fazendas. Milho não sai para petista nenhum mais”, avisa.
PARANÁ TEM GENTE DE BEM
Depois, o mais que irritado fazendeiro cita um pastor e diz que ele “perdeu a teta”. “Não vai [o pastor] ter um centavo mais lá de dentro da fazenda. A igreja some… Vai sumir, essa igreja do capeta. Vai sumir! Me desculpe dizer […] mas eu estou indo embora para o Paraná, onde que tem gente de bem, com a minha família […] porque, presidente bom, e vocês botarem um ladrão, vagabundo, um assassino dentro da Presidência…”, dispara irado.
Confira abaixo todos os comunicados: