O suplente de vereador Waldson da Agesp (PCdoB) não pode reclamar da exoneração dele e da esposa, Deusivânia Mota de Nascimento Calazar, pela prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB). Ocupavam cargo político e de confiança na Secretaria Municipal da Saúde. Se a prefeita perde a confiança, tem todo o direito de dispensá-los.
E me desculpem os puritanos, mas não há maior demonstração de que se é confiável para a gestão do que apoiar o candidato do chefe do Executivo. Uma coisa é o servidor efetivo, outra é o comissionado, que se exerce cargo político. Como deixar no posto alguém declara apoio ao adversário? Nenhum dos candidatos nesta disputa manteria Waldson e esposa como assessores se estivesse no lugar de Cinthia. Dizer o contrário é oportunismo eleitoreiro e hipocrisia.
[bs-quote quote=”Episódios como esse do suplente de vereador comunista mostram que o ex-prefeito Amastha era contumaz praticante da familiocracia de forma transversa” style=”default” align=”left” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Contudo, a constatação de que o casal estava empregado não só na prefeitura, mas ainda na mesma pasta é revelador sobre a “nova política”. O ex-prefeito Carlos Amastha (PSB) é crítico contundente da familiocracia e gosta de ironizar com uma fala que já se tornou clichê em seus discursos, ao se referir a políticos tradicionais. “Siqueira e o Siqueirinha; a Kátia e o Katito; Ronaldo e Ronaldinho; o Vicente e o Vicentinho”, costuma afirmar.
É certo que Amastha, homem abastado, não precisa de salário da prefeitura, bem como seus familiares, e, por isso, nenhum deles teve ou tem qualquer nomeação na esfera municipal. Porém, episódios como esse do suplente de vereador comunista mostram que o ex-prefeito era também contumaz praticante da familiocracia de forma transversa. Isto é, a dele manteve fora do erário, mas a dos aliados foi muito bem abrigada pelo governo municipal.
O caso de Waldson não é o único que se tornou público. Em novembro, a vereadora Vanda Monteiro (PSL) se rebelou na base e votou em favor da emenda impositiva, contrariando frontalmente o então prefeito Carlos Amastha. Um dos homens mais próximos dele disse a este colunista que era o governo municipal quem não queria mais a presença de Vanda em sua bancada legislativa. Mas veio o orçamento e, com a oposição crescendo sob a falta de tato de Amastha em lidar com vereadores, os votos favoráveis ao Paço se tornavam diminutos.
Foi assim que um dia alguém me enviou uma foto que provava que a gestão Amastha tinha recuperado uma ovelha perdida. Nomeou o marido da vereadora, Márcio Reis, como secretário executivo da Subprefeitura da Região Sul de Palmas.
Dessa forma, quando for repetir seu chavão a partir de agora e se lembrar no discurso do “Siqueira e o Siqueirinha; da Kátia e o Katito; do Ronaldo e o Ronaldinho; e do Vicente e o Vicentinho”, bem que Amastha poderia acrescentar: “do Waldson e a ‘Waldsinha’ e da Vanda e o Vandito”. Ficaria bem coerente.
Reafirmo, porém, ao suplente de vereador que ele não tem do que reclamar das exonerações. A prefeita Cinthia agiu como qualquer outro líder em seu lugar. Ele tem todo direito a apoiar quem quiser, mas não ocupando cargo de confiança de governo adversário.
Elementar, meu caro Waldson!
CT, Palmas, 3 de maio de 2018.