Liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Tocantins, Raimundo Nonato Oliveira foi assassinado na madrugada de segunda-feira, 13, dentro de casa, em Araguatins, aos 46 anos. Cacheado – como era conhecido – foi morto por dois homens encapuzados que entraram na residência e atiraram nele. Conforme o MST, o tocantinense ingressou na militância bem jovem e já foi alvo de uma série de atentados entre 2000 e 2015. A organização destaca que o próprio sempre falava que, ainda criança, vivenciou o assassinato de seu pai por pistoleiros a mando de latifundiários, fato que o motivava a se envolver na luta pela terra.
PSOL COBRA IDENTIFICAÇÃO DE EXECUTORES E MANDANTES
O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) do Tocantins emitiu nota para condenar o atentado. “Raimundo Nonato, um homem negro, dedicou sua vida à luta pela terra e contra o latifúndio, contra o racismo. Em razão de suas lutas, diversas vezes foi ameaçado de morte e, em momentos de acirramento de conflitos por terras, teve que sair da região do Bico do Papagaio. O PSOL, comprometido com a luta e proteção dos direitos humanos de camponeses, exige todos os esforços dos órgãos de investigação para que a autoria deste brutal assassinato seja conhecida e os responsáveis, executores e mandantes, sejam punidos”, escreve.
Leia a íntegra das notas:
“O PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE DO TOCANTINS – PSOL, manifesta solidariedade aos familiares, amigos e companheiros e lamenta profundamente a morte de Raimundo Nonato Oliveira, 46 anos. Conhecido como Cacheado, era militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), presidente do Diretório Municipal do PSOL Araguatins, e foi brutalmente assassinado na madrugada desta terça-feira, 13 de dezembro, executado dentro de sua residência por homens encapuzados na cidade de Araguatins (TO), na região Bico do Papagaio.
Raimundo Nonato, um homem negro, dedicou sua vida à luta pela terra e contra o latifúndio, contra o racismo. Em razão de suas lutas, diversas vezes foi ameaçado de morte e, em momentos de acirramento de conflitos por terras, teve que sair da região do Bico do Papagaio.
Cacheado sempre esteve presente na luta por uma revolução econômica, social, cultural, política e ambiental. Em 2019, iniciou o curso de Serviço Social/PRONERA/UFT objetivando qualificar sua luta em defesa dos direitos do povo do campo. Em 2020 filiou-se ao PSOL e foi nomeado presidente do diretório municipal, dando importante contribuição nos congressos do Partido, por entender que a luta por direitos sociais está ligada à luta política. Nos últimos anos estava se dedicando aos estudos acadêmicos e também ao cuidado com a sua mãe.
O PSOL, comprometido com a luta e proteção dos direitos humanos de camponeses e militantes de defesa de direitos, exige todos os esforços dos órgãos de investigação para que a autoria deste brutal assassinato seja conhecida e os responsáveis, executores e mandantes, sejam punidos.”
A Coalizão Vozes do Tocantins por justiça climática, composta por organizações indígenas, quilombolas, assentadas, de pesquisa e apoio, todas ligadas à conservação socioambiental, se solidariza com a perda da liderança da organização-membro, o MST, e reforça o pedido de justiça no caso.
Conforme dados divulgados pela Câmara Legislativa, denunciados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de assassinatos no campo subiu 75% em 2021 em relação ao ano anterior. A humilhação, a intimidação, as ameaças e mesmo os assassinatos no campo seguem impunes e, por isso, a Coalizão, amparada por seus membros, reforça a urgência da responsabilização pelo crime.
Conforme argumenta a Coalizão, membros da sociedade civil que menos contribuem para mudanças climáticas e problemas sociais são os mais impactados pela falta de estruturas políticas e segurança. A Vozes do Tocantins alerta para a proteção dessas lideranças e para o reconhecimento da contribuição desses povos e comunidades para a conservação socioambiental no Estado do Tocantins, sendo inestimável o valor das lideranças nesse meio