A Tenda das Mulheres do Tocantins promove audiência na manhã desta terça-feira, 12, durante agenda da 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, que acontece em Brasília. A pauta da agenda será a apresentação de propostas aos congressistas do Estado. O Caderno de Emendas Parlamentares ao Orçamento Federal será entregue na ocasião.
UNIVERSIDADE
Entre as sugestões, as mulheres indígenas da etnia Krahô vão propor recursos para a construção da Universidade Indígena Decolonial Unikrahô, a ser constituída, dentro da reserva da etnia, na Aldeia Manoel Alves, localizada a 8 quilômetros de Itacajá. A Uni-Krahô é um dos projetos do movimento global das ecoversidades, liderado pelo educador indiano Manish Jain. Uma iniciativa internacional por outras formas disruptivas de aprendizagem no ensino superior.
PEDAGOGIA COM A PRÓPRIA COSMOVISÃO
A doutoranda em Antropologia Social, Letícia Jôkàhkwyj Krahô, da Aldeia Sol, é uma das porta-vozes da reivindicação, uma demanda dos jovens indígenas desde 2021. “Ela terá como primazia a formação dos jovens universitários Krahô na sua própria cultura, numa pedagogia diferenciada, com a nossa cosmovisão de mundo. Os cupem [não-indígenas] constroem seu mundo se separando da natureza, nós, os merrin [indígenas na língua Krahô[, não vivemos separados da natureza”, diz ela.
QUINTAIS PRODUTIVOS
Outra reivindicação é a implantação do programa “Quintais Produtivos” nas Aldeias Indígenas, programa anunciado pelo presidente Lula da Silva (PT) durante a Marcha das Margaridas, em agosto, que se mostrou eficiente em promover a segurança alimentar. Agora, as mulheres indígenas querem que o programa também as beneficiem, adaptado à sua cultura.
ECONOMIA SOLIDÁRIA
Um outro programa é o “Economia Solidária Indígena”, para aquisição de máquinas de costura; fomento dos empreendimentos solidários indígenas; bancos comunitários; feiras de artesanato indígenas e outras ações para geração de renda nas aldeias. A estimativa de investimento é de R$ 4,5 milhões.
AUTONOMIA
A reivindicação das Mulheres Indígenas do Tocantins é também pela criação do Fundo de Participação das Aldeias Indígenas (FPAI). Uma sugestão de minuta de Lei para a criação do FPEI também será apresentada à bancada parlamentar do Tocantins. A proposta é inspirada no Fundo de Participação dos Municípios (FPM). As aldeias indígenas também teriam o repasse mensal de recursos pela União, para que possam contar com a administração dos serviços básicos de saúde, educação, transporte, telefonia e energia, ou seja, a estrutura mínima para a sobrevivência digna dos povos indígenas.