O levantamento do CT publicado nesse domingo, 20, confirma a concentração do eleitorado nos principais centros urbanos do Tocantins. Contudo, mostra também que eles não são suficiente para decidirem sozinhos um processo eleitoral. Afinal, se 53,1% dos votantes, um total de 551.896, estão em 13 municípios, é preciso considerar que 46,9% ficam naqueles com até 10 mil eleitores, nada menos do que 488.017 pessoas.
Ou seja, nossos candidatos não têm como desprezar a força do interior profundo do Tocantins. Ninguém ganha eleição de governador pedindo votos somente nos 13 maiores municípios. Para que isso ocorresse teria que fazer uma votação simplesmente arrasadora, ser aquela figura caricata das eleições, o espoca urna. Sinceramente, não temos nenhum candidato desse tipo, há um descrédito enorme da classe política e a expectativa é de que as abstenções, brancos e nulos devem bater recordes históricos nesta eleição suplementar.
[bs-quote quote=”Vemos esvaziadas as caminhadas daqueles falaram muita bobagem ao longo da pré-campanha. Sem apoio dos líderes não conseguem atravessar o muro que levantaram entre eles e os eleitores dos pequenos municípios” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Assim, se o candidato não tiver a humildade de ir ao interior pedir a benção de “Sua Excelência o Eleitor”, não terá chances. Mas, para isso, precisará da figura do líder, que tem muito mais peso nos pequenos municípios do que nos grandes, onde parte significativa dos eleitores não tem lastro com políticos e vota simplesmente segundo a própria avaliação do cenário eleitoral.
Nas comunidades menores, o grau de proximidade das pessoas é muito grande, e também de dependência. Sobretudo os mais pobres, que precisam do remédio, do carro que leva doentes a hospitais dos principais centros urbanos na falta de ambulância; do emprego conseguido pela amizade, a comida que vai à mesa em situação de extrema necessidade, o gás e a energia da casa. Enfim, a relação entre agentes públicos e o cidadão acaba se tornando mais próxima e íntima, e isso, por óbvio, tem reflexos no momento da escolha do candidato. Os líderes são necessariamente ouvidos na decisão do voto. Há um respeito enorme e uma fidelidade até cega a essa relação, que é essencial até para a sobrevivência.
Por isso, vemos esvaziadas as caminhadas daqueles falaram muita bobagem ao longo da pré-campanha. Sem apoio dos líderes não conseguem atravessar o muro que levantaram entre eles e os eleitores dos pequenos municípios. Resta-lhes mesmo vagar pelo comércio, onde são recebidos pelo sorriso fácil e o abraço dócil de seus moradores, afinal, o povo interiorano é gente educada. Contudo, não dão conta de reunir a população porque os líderes dela se sentiram desrespeitados por palavras insanas e incivilizadas de quem se acha o máximo e que, por isso, se basta, não precisa de ninguém.
Não se consegue vitória eleitoral sem apoio da liderança do interior do Estado. Este será o grande ensinamento desta eleição. A força do interior profundo do Tocantins e de seus líderes deixará lições indeléveis aos que se acharam a última bolacha do pacote.
CT, Palmas, 21 de maio de 2018.