Ex-prefeita de Guaraí e pré-candidata ao cargo pela segunda vez, a professora Lires Ferneda (Podemos) é a entrevistada da série da Coluna do CT. Ela disse que sua volta à política é “a pedido da população”. “É por isso que estou agora me colocando à disposição de novo. Se eu merecer, eu terei o apoio, e, se não, a vida continua”, afirmou.
DÍVIDAS, SALÁRIOS ATRASADOS E INFRAESTRUTURA PRECÁRIA
Lires lembrou ter herdado em 2017 a cidade com dívidas, salários atrasados e infraestrutura precária. A ex-prefeita contou ter lutado para colocar a prefeitura adimplente e pagar as dívidas”. “Enfim, um resgate da credibilidade da prefeitura, inclusive da capacidade de pagamento”, disse.
APAIXONADA PELO PLANO DE GOVERNO
Sobre a decisão de não concorrer em 2020, Lires avaliou que, para ela, foi uma decisão difícil, mas necessária por conta do impasse jurídico que havia. “Não que eu estivesse apegada ao cargo de prefeita, mas eu precisava do cargo de prefeita para colocar meu plano de governo em prática. E pelo meu plano de governo, eu estava apaixonada. Porque já tinha colocado a casa em ordem, já tinha limpado muita coisa”, lembrou.
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PROJETOS FICARAM PERDIDOS
Para ela, na mudança de gestão, com a posse da atual prefeita Fátima Coelho (UB), indicada por Lires, “alguns projetos ficaram perdidos pelo caminho”. Ela cita como exemplo a regularização fundiária urbana, que defendeu que poderia ter sido concluída nesses quatros anos.
PODERIA SER MELHOR APROVEITADO
A ex-prefeita discordou da solução que sua sucessora deu para a cidade receber o Corpo de Bombeiros. Segundo ela, estava programado para a corporação ficar na atual sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na entrada norte da cidade, na BR-153. A PRF queria ir para o posto fiscal do Estado na entrada sul, que está desativado. De acordo com Lires, a contrapartida do município seria a disponibilização de enfermeiros e um psicólogo para os socorros. “Mas a prefeitura [na atual gestão] disponibilizou um terreno nobre no centro da cidade, que poderia ser muito melhor aproveitado para futuramente ter um prédio, já que fica bem localizado, na frente de um trevo. E ainda foi a prefeitura que construiu o prédio dos Bombeiros, que seria responsabilidade do Estado. Se eu fosse gestora, pediria que o Estado construísse naquela área do posto fiscal, que fica na BR e, estrategicamente, muito bem localizado”, avaliou. “Cada um tem um modelo de gestão, eu tenho o meu, e prezo muito pela economicidade e transparência.”
DECEPÇÃO
Enquanto seus adversários — Fátima Coelho e Saboinha Júnior (Republicanos) — disputam o apoio do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), Lires disse que tem “todo o respeito pelo governo do Estado, porque é preciso a parceria entre estado e município”, mas lembrou que “quem vai governar o seu município, o seu orçamento, o seu planejamento financeiro, não é o estado, é o prefeito”. “Tem competências municipais que o Estado não vai assumir. E nas competências estaduais precisa de parcerias. E, em certas ocasiões, a gente se decepciona um pouco. Eu me decepcionei bastante”, revelou.
PIRES NA MÃO
A ex-prefeita deu como exemplo a área nobre do parque industrial da cidade, cuja documentação disse ter organizado em 2017, conforme as orientações da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado. “Aprovamos o projeto no Conselho de Desenvolvimento Econômico, e, se foi aprovado pelo conselho, é porque o recurso existia (R$ 2 milhões). Em 2018, o governo do Estado deveria ter feito essa obra do parque industrial de Guaraí. Não fez. Houve a troca de governo, recomeçamos todo o projeto. Aquela novena, aquele pires na mão, com novo secretário, com novo governador. Resumindo: passaram os três anos e o Estado não fez a obra”, lamentou.
QUE PASSASSE AO MUNICÍPIO
Ela contou ter chegado a propor que o Estado repassasse os R$ 2 milhões para o município fazer a licitação e as obras e depois prestar contas, como faz com a Caixa Econômica Federal. “Agora estamos no quarto ano de governo da atual prefeita, e o parque industrial não está pronto”, ressaltou.
CONTOS DE FADA
A ex-prefeita ainda citou as emendas parlamentares do Estado para asfalto, ponte e ônibus para transporte para o esporte. “Não saiu uma emenda. Nem do deputado que foi majoritário duas vezes aqui, uma emenda de R$ 300 mil”, pontuou. “Essas parcerias são importantes, mas os três entes precisam assumir a sua responsabilidade. Porque, se um assume e está na dependência do outro, e o outro no cumpre com as suas obrigações, a cidade não cresce. E você vê na época da política aqueles vídeos maravilhosos, aqueles contos de fada, mas, na prática, as coisas são bem diferentes”, alfinetou.
ESTARRECIDA
Lires ainda discordou do financiamento de R$ 14 milhões feito pela prefeita Fátima para iluminar o trecho urbano da BR-153. Segundo ela, em 2019 sua gestão, foi feito o projeto de iluminação da Belém-Brasília, que ressaltou ser de responsabilidade do governo federal. O projeto contemplava 5 km de rodovia toda iluminada, não só os trevos, ao custo de R$ 3,240 milhões. “Foi protocolado no gabinete do senador Eduardo Gomes em Brasília. Até hoje esse recurso não saiu. E não sei por qual motivo, que eu estou estarrecida, a atual prefeita fez um financiamento na Caixa Econômica de R$ 14 milhões para iluminar a Belém-Brasília. Image só de juros o que vai ser cobrado de um financiamento desse, de um valor absurdo desse, que poderia ser um recurso do governo federal, é jurisdição federal?”, questionou.
ÁGUA E ÓLEO
Assim, ela voltou a repetir o que falou em uma recente entrevista na sua comparação com a sucessora: “Como eu falei para um jornalista numa entrevista, é como água é óleo, não se mistura. Eu tenho uma forma de pensar e uma forma de agir. Outras pessoas têm outra forma de pensar e outra forma de agir”, disse. “Agora, já pensou uma dívida quilométrica de R$ 14 milhões para o município de Guaraí, onde a base de renda é de dois salários mínimos por pessoa? Nosso poder aquisitivo é baixo. Então, nós não podemos fazer extravagâncias e sugar nosso trabalhador com tanto imposto. O que a gente conseguir de recurso do governo federal, a gente tem que batalhar. E o governo federal tem que olhar para uma população sofrida, porque ela paga impostos e o município tem responsabilidade demais.”
Assista a seguir a íntegra da entrevista: