A TV Anhanguera promoveu na noite desta quinta-feira, 3, o último debate entre candidatos a prefeito de Palmas antes das eleições de domingo, 6. A expectativa era que todos os postulantes estivessem presentes, mas Lúcia Viana (Psol) comunicou momentos antes a impossibilidade de participar por conta de uma conjuntivite, enquanto Janad Valcari (PL) faltou pela quarta vez, sem apresentar justificativa, e encerrará a campanha sem participar de nenhum. Eduardo Siqueira Campos (Podemos) e Júnior Geo (PSDB) protagonizaram o programa.
CANDIDATOS DISPENSARAM ATAQUES À JANAD
A organização do debate permitiu que uma pergunta fosse feita para Janad Valcari. Apesar do direito, Eduardo Siqueira Campos declinou a possibilidade, desejou melhoras para Lúcia Viana, mas ao direcionar a pergunta a Geo, o perguntou justamente sobre a ausência de candidatos em debates. O tucano lamentou a ausência, mas optou por não focar a resposta em críticas. “É infeliz, porque o que a sociedade mais esperava neste último debate era exatamente que nós viéssemos apresentar propostas”, iniciou o tucano, que listou projetos do plano de governo, como um ambulatório e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Taquari, Escolas de Tempo Integral (ETI) no Taquari e Capadócia, entre outros.
ALVO ERA CINTHIA
Na réplica, Eduardo Siqueira Campos sugeriu que o objetivo da pergunta era provocá-lo em relação à prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), aliada de Júnior Geo, que chegou a faltar em debates na campanha que a levou à reeleição. “Em 2020, como é que foi o comportamento dos candidatos? Ele certamente deve saber e dizer se alguém veio ou não veio”, pontuou. Em relação à rede de ensino, o candidato do Podemos voltou a destacar o mandato que teve à frente do Paço (1993 a 1996), sempre destacando a participação na instalação do Instituto (IFTO) e Universidade Federal (UFT). “Com a minha experiência, com tudo o que fiz ao longo da minha vida, conheci o DNA desta cidade”, argumentou.
GEO QUESTIONA POEIRA DOS ANOS 90 E EDUARDO LAMENTA DESCONHECIMENTO DO CONTEXTO POLÍTICO
Os candidatos repetiram o embate sobre as realizações feitas por Eduardo Siqueira nos anos 90. Júnior Geo provocou o adversário e disse que, apesar de todo recurso do governo federal, Palmas “permaneceu na poeira” e com “escolas construídas com placa de muro”. O ex-prefeito lamentou a ofensiva. “Me perdoe, mas o candidato demonstra um desconhecimento do contexto político. Fui eleito na oposição de um governo do Estado que não queria Palmas como Capital”, afirmou. O candidato reforçou ações do mandato e defendeu que as unidades de ensino construídas na época seguem em funcionamento.
NÃO FUI PARA PORTA DE PALÁCIO, NEM DA PREFEITURA
O sistema de transporte público voltou à pauta no último debate. Na ocasião, Júnior Geo sugeriu que Eduardo Siqueira Campos propôs demissão quando defendeu que motorista não deveria ser uma carreira pública. O ex-prefeito negou e ainda garantiu que os agora servidores “serão aproveitados”, antes de disparar contra o atual modelo. “Não há um único morador que não saiba o desastre e o caos que temos hoje. […] Não tenho nenhum compromisso com este caos. Quando muitas cidades oferecem tarifa zero, contratam alguém que sabe fazer. O poder concedente é que institui as normas e regras. […] Ninguém falou em demissão em massa, o que existe é descaso em massa. Neste tema marca muito nossa diferença. Sou o candidato do povo. Não fui para porta de palácio, nem da prefeitura “, provocou.
PALMAS REGISTROU AVANÇOS NO TRANSPORTE
Sobre transporte público, Júnior Geo destacou que a Capital já tem R$ 169 milhões garantidos pelo governo federal para fazer o corredor, linhas exclusivas, estações climatizadas e com banheiro. “Temos projeto para o transporte público. Lembrando que a concessão na mão do município deixou cinco anos sem aumento, trouxe passagem gratuita nos sábados, domingos e feriados. Tivemos avanços e vamos melhorar ainda mais”, garantiu. “Fica claro que o professor insiste neste modelo que deu errado”, contra-argumentou Eduardo Siqueira Campos.
GEO NUNCA GERIU NADA PARA DIZER QUE TEM EXPERIÊNCIA E TUCANO PARTE PARA O ATAQUE
Ainda no segundo bloco, Júnior Geo subiu o tom em uma tréplica sobre reformas de equipamento públicos e citou pela primeira vez em debates as investigações que atingiram o adversário, relacionadas a desvios do Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev) e no âmbito da Operação Ápia, da Polícia Federal (PF). Antes, Eduardo Siqueira Campos tinha se colocado como gestor experiente. “Me desculpe, mas o senhor nunca geriu absolutamente nada que lhe permita dizer que tem experiência. Sobre honestidade, se qualquer um tivesse impedimento, não estaríamos aqui. Eu sou a segurança de uma gestão que já realizou muito”, disse. O tucano reagiu. “Eu fico me perguntando se a experiência é em relação ao que foi feito no Igeprev, na Operação Ápia, em que o candidato foi conduzido pela Polícia Federal. Não queremos este tipo de experiência, que não tenho e não pretendo ter. Nós queremos competência e honestidade”, rebateu o deputado estadual, que levantou ainda emenda do candidato do Podemos para compra de cestas básicas. O tema é alvo de outra investigação, a Fames-19, mas que não teve o ex-prefeito como alvo.
DIREITO DE RESPOSTA A EDUARDO
A organização do debate, mediado pela jornalista Graziela Azevedo, concedeu direito de resposta a Eduardo Siqueira Campos, que lamentou a ofensiva do tucano. “Nós sempre primamos pelo respeito. O senhor teve quatro anos de Assembleia comigo, jamais tocou o nosso assunto”, disse o candidato, que chegou a revelar um pedido de perdão de Júnior Geo por um dia ter citado o caso do Igeprev a alunos. “Mais do que isso, eu fui quatro anos de prefeito de Palmas e não respondi a um único inquérito civil público, uma única investigação. Agora, eu não sou réu na operação Ápia, veja que injustiça. Eu não fui condenado em nenhuma dessas operações. Tenho uma vida repleta, uma vida cheia, 35 anos de muitas ações em parlamentos, na prefeitura, no Estado. Só estamos aqui porque somos ficha limpa. Eu não tenho condenação e não aceito a maneira como o professor colocou este assunto”, afirmou.
IGEPREV E ÁPIA TOMAM CONTA DO DEBATE
Júnior Geo reforçou as críticas, citando a condução de Eduardo Siqueira na Ápia e o fato de ter sido presidente do Conselho de Administração na época dos desvios do Igeprev. “Tenho que repetir, eu governei a cidade por quatro anos sem uma única acusação. Ele teve a propaganda derrubada quando tentou me associar a algo pelo qual não fui condenado”, respondeu Eduardo Siqueira Campos, que destacou que a função que exerceu no instituto “não opina, não aprova, não reprova, não muda política de investimentos”. “É absolutamente inaceitável o que o senhor faz agora. Lamento profundamente”, emendou. O tucano insistiu. “O rombo aconteceu, o dinheiro sumiu, quem era governador era vosso pai [José Wilson Siqueira Campos, as indicações partiram de vossa família, e nunca denunciou nenhuma aplicação”, afirmou o deputado, que ainda relatou um pedido para a Eduardo Siqueira para assinar abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso. “Até hoje estou aguardando”, afirmou. O candidato do Podemos negou a existência deste episódio.
GEO TEM MEMÓRIA SELETIVA
Apesar de poder contra-atacar Júnior Geo com fatos das Operações Plano Inserto e Segundo Plano, que atingiu a principal cabo eleitoral do tucano, a prefeita Cinthia Ribeiro, Eduardo Siqueira Campos optou apenas por uma breve citação do episódio e uma nova crítica ao adversário, se eximindo fazer qualquer julgamento “A tua memória é seletiva. O senhor acabou de ver uma operação da Polícia Federal sobre problemas gravíssimos no transporte escolar, dentro da própria prefeitura. Mas isto não permite fazer qualquer acusação. A gente precisa respeitar as pessoas. Eu não sou sequer réu na operação Ápia e teu tempo já foi derrubado ao tentar me associar”, voltou a se defender.
SE TEM ALGO QUE ESTADO ACOSTUMOU A ACREDITAR FOI NO NOME SIQUEIRA CAMPOS
Nas considerações finais, Eduardo Siqueira Campos criticou a ofensiva recebida no debate e exaltou a memória do pai. “Só tive 30 segundos de televisão. Nunca tive o meu tempo derrubado, não soltei ofensas e nem fake news contra ninguém, e hoje fui vítima, Lamentavelmente. Quero dizer a vocês que permaneço firme e inabalável. Se tem alguma coisa que esse Estado se acostumou a acreditar foi no nome de Siqueira Campos, do meu pai e do meu. […] Todos sabem que eu tive a experiência e fiz isso durante a minha gestão. Então, na verdade, eu sou a sua segurança de que esta cidade volte a brilhar. […] Salto no escuro é alguém propor aquilo que nunca fez, que não conhece como se faz. […] Não sou o candidato do continuísmo, sou o candidato que conhece”, afirmou.
EM QUEM O ELEITOR CONFIARIA O ORÇAMENTO DE PALMAS SE O DINHEIRO FOSSE DELE
Júnior Geo voltou a fazer menção ao rombo do Igeprev ao concluir a participação no debate. “Servidor, o prejuízo maior ocorreu para você. O dinheiro que era seu, se foi. Culpados ainda não encontramos porque a justiça, como é verdade, está lenta”, abriu o discurso. Além de elencar as propostas do programa do governo, com recursos adiantados pela atual gestão, o tucano provocou o eleitor sobre quem ele confiaria para gerenciar os recursos do município. “Este ano nós teremos segundo turno. Nós temos recurso de mais de R$ 2,3 bilhões de reais e a pergunta que faço neste momento é: se esse dinheiro fosse seu, a quem você confiaria? À deputada Janad Valcari, a Eduardo Siqueira Campos ou ao professor Júnior Geo? Pense bem em quem vai confiar”, concluiu.