Eduardo Siqueira Campos (Podemos) e Janad Valcari (PL) ficaram frente a frente pela última vez antes do segundo turno da eleição da Capital na noite desta sexta-feira, 25, para o debate da TV Anhanguera. Os dois voltaram a focar em acusações e alfinetadas ao ponto da exaustão, repetindo as mesmas abordagens por diversas vezes. Palanques, Barões da Pisadinha e o Instituto de Gestão Previdenciária (Igeprev) novamente foram pauta. Uma curiosidade foi a disputa pelo apreço do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que teve a presença confirmada na estrutura da liberal – a quem apoia – em frente a emissora para acompanhar a programação. Entretanto, a liderança só chegou no Aeroporto de Palmas quando o embate já caminhava para o encerramento.
PERFIS DIFERENTES
Com uma dinâmica de garantir de 10 minutos para que cada candidato administrasse como bem entendesse, o primeiro bloco foi focado em ataques, defesas e revides. Antes disto, os dois puderam se colocar com perfis diferentes um do outro. Eduardo Siqueira exaltou o histórico de ter como pai e mãe, José Wilson Siqueira Campos e Aureny, e a experiência política, com passagens pelo próprio Paço, Câmara, Senado e Assembleia. Já Janad Valcari ressaltou a origem humilde e que, por ser alguém que necessitou e utilizou serviços públicos de saúde, educação e transporte, conhece a realidade e justamente por isto pode mudá-la.
ÁUDIO NEGOCIADO
Janad Valcari foi responsável por trazer a primeira polêmica: o áudio atribuído a ela em que aparece destratando uma funcionária. Os novos materiais que circulam nas redes sociais nesta reta final foram citados para contra-atacar. A deputada acusa a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) de ter negociado este material em troca de uma nomeação, o que alega ter ocorrido em julho. Ainda conforme a parlamentar, a moça – exonerada do Paço – a procurou para negociar um material para que desmentisse a gravação, o que garante ter negado. Com isto, a liberal sugere que um dos outros candidatos aceitaram a oferta. “Isso é um crime, isto já está na Polícia. Denunciei”, afirmou.
SE MEU CRIME É FALAR ALTO, O DELES É PIOR
Eduardo Siqueira Campos foi breve na resposta e negou qualquer relação, reforçando que a época da suposta negociação do áudio citada pela adversária ainda nem era candidato e pontuou ainda que o postulante do Paço no primeiro turno foi Júnior Geo (PSDB). “Eu tenho certeza absoluta que não tenho nada a ver com isso. Mais do que isso, essas afirmações que ela fez em relação ao áudio, a justiça derrubou todas”, destacou. Em reação, a provocou a assumir ou não o teor da gravação. A liberal não foi direta na resposta, apesar de falar em “mentira e covardia”. Em outro momento, a liberal chegou a provocar o adversário em relação aos desvios do Igeprev usando o próprio teor do material. “Tentaram durante a campanha inteira fazer você acreditar que um desentendimento de uma funcionária é mais grave do que roubar 50 mil funcionários. […] Se meu crime for falar alto, o deles é pior, que é roubar o ser humano”, afirmou. A contradição foi apontada pelo candidato do Podemos posteriormente.
DISPUTA PELO APREÇO DE UM BOLSONARO AUSENTE
Jair Bolsonaro foi tema recorrente. Apoiada pelo correligionário, Janad Valcari questionou a postura de Eduardo Siqueira relacionada ao palanque e aproveitou para cumprimentar o ex-presidente, que deveria estar na estrutura da liberal para acompanhar o debate, mas não chegou a tempo. “Ele quer ser o candidato da continuidade e é o verdadeiro Judas, porque ele nega quem tá no palanque dele. Eu não, tenho lado. Inclusive, quero agradecer o Bolsonaro que está aqui à frente assistindo o nosso debate”, afirmou.
EDUARDO DESTACA TER LIDERADO BOLSONARO NO CONGRESSO
Eduardo Siqueira Campos decidiu também cumprimentar Jair Bolsonaro, a quem chamou de “capitão”. O candidato afirmou que foi Siqueira Campos, que à frente do extinto Partido da Democracia Cristã (PDC), concedeu a sigla ao ex-presidente para disputar uma vaga no Congresso Nacional e que lá, teve o próprio candidato do Podemos como líder. “Nós nos conhecemos, capitão. O senhor deu as condolências pelo meu pai, mandou uma mensagem bonita dizendo que tinha um excelente relacionamento comigo. O senhor é bem-vindo à nossa Capital”, afirmou.
PALANQUES, DE NOVO, MAS GOVERNADOR WANDERLEI VIRA ALVO
Questionamentos aos palanques foram repetidos. Eduardo Siqueira citou várias vezes a presença de Marcelo Miranda (MDB) no grupo da adversária, citando as três cassações e a prisão, mas também questionou o deputado Carlos Gaguim (UB). A novidade fica pela ofensiva ao governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), ao fazer referência às operações que o atingiram, às denúncias de assédio eleitoral e à situação da saúde pública, que nunca foram abordados pela adversária. “Urra como uma leoa lá nas UPAs e mia como uma gatinha lá no Dona Regina. […] Mia diante dos escândalos do governador”, afirmou. Já Janad Valcari disparou contra Raul Filho (PDT) e Carlos Amastha (PSB). “Dos ex-prefeitos que apoiam o candidato, inclusive, um é condenado e os outros são investigados”, destacou a deputada, que também disparou contra a atual gestão Cinthia Ribeiro (PSDB), que apoia Eduardo Siqueira no segundo turno. “Ela tem o maior medo que eu assuma lá e possa colocá-la na cadeia”, chegou a disparar.
GESTOR MARAVILHOSO
Janad Valcari também reservou parte do discurso para sair em defesa do governador Wanderlei Barbosa, comparando-o a Cinthia Ribeiro. “Obrigado por ser este gestor maravilhoso, que atende todos os deputados de igual forma. E olha, se tem uma pessoa que sabe administrar e que colocou o Estado no trilho do progresso, foi o senhor. Eu tenho orgulho de ter o senhor ao meu lado. E sem dizer que a prefeita, que apoia ele, nunca me atendeu enquanto vereadora. Não atende nem os da base dela, nem mesmo os próprios secretários”, rebateu.
EDUARDO PROVOCA COM COMUNISTAS E JANAD REBATE
Jair Bolsonaro voltou a ser tema. Eduardo Siqueira provocou Janad Valcari com um pedido para que o ex-presidente seja apresentado aos deputados Ivory de Lira (PCdoB) e Luana Ribeiro (PCdoB), ambos comunistas, além de destacar que a senadora Dorinha Seabra (UB) é vice-líder do governo de Lula da Silva (PT). Janad Valcari reagiu destacando o voto favorável da congressista à instalação da comissão para investigar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo; e o fato dos dois comunistas tocantinenses terem sido repreendidos publicamente por estar com ela, que mostra que “não estão mais no partido”. Apesar de ter iniciado o debate, o próprio candidato do Podemos criticou o discurso polarizado. “Gente, não interessa quem vai entregar os bens para vocês. Essa polarização é desespero de alguém que já trouxe o presidente três vezes, e, capitão, não vai resolver, o povo não a quer”, argumentou.
TEMAS RECORRENTES
Os candidatos citaram inúmeras vezes as principais polêmicas de ambas as campanhas. Eduardo Siqueira Campos condenou a deputada pela investigação do Ministério Público (MPE) sobre a Barões da Pisadinha. Janad Valcari negava qualquer irregularidade e retribuía com menções aos desvios do Igeprev e da Operação Ápia. Em contrapartida, o candidato do Podemos reforçava não ter qualquer condenação contra si na Justiça. No campo propositivo, acolhimento dos neurodivergentes na rede municipal, críticas ao transporte público e saúde, política habitacional e geração de emprego foram abordados.