Caro vereador Carlos Amastha,
Lembrei-me de nossas conversas quando li o anúncio da Agência de Transporte Coletivo de Palmas (ATCP) sobre a abertura do processo de concessão do serviço. Inicialmente, vi com simpatia o movimento da gestão Cinthia Ribeiro de puxar a operacionalização para a prefeitura, ainda que sempre avaliasse que faltou planejamento. Porque foi tudo rápido demais. Se não me falha a memória, começou em outubro de 2022 e em dezembro daquele ano o Paço já assumiu. O tempo mostrou que realmente se tratou de uma medida açodada e que o município não tinha o mínimo preparo para operacionalizar esse sistema.
Você me disse algumas vezes em nossas conversas que a prefeitura não deveria operar o transporte público, mas comandá-lo, exigindo qualidade da empresa concessionária. Afinal, como bem diz o prefeito Eduardo Siqueira Campos, qual a expertise do município para gerenciar uma oficina, controle de peças e uma infinidade de etapas da operacionalização, cujo conhecimento só tem quem realmente é do ramo? Claro que ocorreria o que vimos: ônibus pegando fogo no meio do trajeto e agora, como a Coluna do CT mostrou, a atual gestão descobriu veículos depenados para que outros pudessem rodar.
Amastha, você estava coberto de razão. A prefeitura tem definir o que quer, número de ônibus, linhas, condições dignas de estações e pontos de paradas e preço. Estudar a viabilidade disso e deixar que um concessionário toque de forma extremamente profissional. Um serviço essencial para muito mais além do que mera locomoção de pessoas, o transporte coletivo movimenta todo o mercado produtivo da cidade. Assim, não dá para fazer experimentos nele nem é ambiente para aprendizado.
O sistema precisa mesmo ser tocado por empresas experientes, sempre — bom que se frise — sob o comando do município, que é o dono do serviço e deve impor o que quer. Inclusive, se não satisfizer a população, é a gestão municipal, não a empresa, quem deve primeiro ser responsabilizada e cobrada. Afinal, como você, certeiramente, sempre insistiu para mim, a concessionária faz exatamente o que a prefeitura quer.
Agora, ainda mantenho a minha utopia e cerro fileira com meu amigo professor João Bazzoli, que entende muito de mobilidade urbana. Refiro-me à catraca livre. Na verdade, nem pode ser considerado um projeto utópico porque já é realidade em várias cidades do Brasil e do mundo. Não tenho dúvida de que, com um transporte público de qualidade e gratuito, reduziríamos em muito o fluxo de carros nas ruas e avenidas, e isso significaria menos poluição e menos acidentes; possibilitaríamos que as pessoas se locomovessem com mais frequência em busca de lazer e compras, gerando mais movimentação no comércio, mais arrecadação para a prefeitura e mais qualidade de vida à população; entre muitos outros benefícios.
Porém, essa é outra história. Ainda não temos maturidade para tanto, mas um dia chegaremos lá. Estou certo disso.
Boa sorte em sua atuação na Câmara e feliz ano novo para você, Glô e família.
Saudações democráticas,
CT