O Coletivo Somos, que ocupa pela primeira vez uma cadeira na Câmara de Palmas, iniciou seus trabalhos legislativos nessa quarta-feira, 5. A co-vereadora Thamires Lima (PT), porta-voz do grupo, reafirmou o compromisso do coletivo com a inclusão, a participação popular e a defesa dos direitos das minorias. Em sua fala, relembrou um momento simbólico que precedeu a eleição do coletivo: “Há pouco mais de três anos, tentamos assumir uma suplência nesta Casa e ouvimos uma frase violenta que ficou gravada em nossas mentes: ‘Essa Casa não quer pessoas como vocês aqui’.” A parlamentar celebrou o que chamou de “resposta dada pelo eleitorado palmense”: “Palmas disse o contrário. Palmas disse que sim, Somos, nós queremos vocês aqui.”
VITÓRIA DOS EXCLUÍDOS
O discurso destacou a importância da representatividade e da pluralidade política. Para o Somos, o mandato coletivo é uma vitória do grupo e também de diversos segmentos da sociedade que historicamente foram excluídos dos espaços de poder. “É sobre todas as meninas pretas da periferia que acham que não podem chegar aqui. É sobre mães atípicas, muitas delas mães solos, que batalham todos os dias e, pela primeira vez, se sentem representadas. É sobre a juventude LGBT que cresce ouvindo que precisa se esconder — mas que hoje nos vê aqui, de cabeça erguida, ocupando este espaço sem medo”, disse.
CONSTRUÇÃO DE DIÁLOGO
O coletivo também enfatizou que o mandato será pautado pela construção coletiva e pelo diálogo com a sociedade civil. Nos primeiros 30 dias de trabalho, o Somos realizou mais de cem reuniões e protocolou diversas propostas. Contudo, lamentaram a exclusão histórica de movimentos sociais e cidadãos das discussões políticas locais: “Ouvimos repetidamente de movimentos sociais e grupos uma frase que nos surpreende: ‘É a primeira vez que entramos nesta Casa.’ Isso não nos orgulha. Isso nos revolta”, afirmou Thamires.
AUDIÊNCIAS PÚBLICAS E SESSÕES NOTURNAS
Em um apelo aos demais vereadores, o Somos pediu a abertura da Câmara para a participação popular, sugerindo a realização de audiências públicas e sessões noturnas para garantir que mais trabalhadores possam acompanhar os debates. “Vamos levar a Câmara para os bairros, para as escolas, para as comunidades. Porque uma Casa do Povo só faz sentido se for verdadeiramente do povo”, defendeu.
FALA É O COLETIVO SOMOS
O discurso também trouxe um posicionamento firme quanto à necessidade de respeito ao mandato coletivo: “Quem vos fala não é a Thamires Lima vereadora, é o Coletivo Somos, e é assim que serei tratada. Onde eu, Thamires Lima, estiver, onde o Alexandre Peara, Ayrton Lopes, Elba Bruno, Eduardo Azevedo, Lucielly Oliveira e Natália Pimenta estiverem, ali estará um co-vereador do Somos”, avisou.
PUNHOS ERGUIDOS
A fala foi encerrada com um chamado à resistência e à luta por igualdade. “Seguiremos de punhos erguidos. Porque nenhum direito nos foi concedido sem luta. Nos posicionaremos, pois não existe neutralidade diante das desigualdades. E saibam de uma coisa: SOMOS MUITOS, SOMOS PALMAS”, concluiu Thamires.
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