Por muitos anos, o Bico do Papagaio permaneceu esquecido, à margem dos investimentos estaduais e federais. No entanto, a chegada da Faculdade do Bico do Papagaio e a implantação da Unitins em diversas cidades da região trouxeram uma verdadeira revolução educacional. O acesso ao ensino superior mudou vidas, abrindo novas oportunidades e preparando uma geração de profissionais qualificados. Agora, o desafio é transformar esse avanço em um motor de desenvolvimento econômico sustentável, fortalecendo setores estratégicos como a agricultura familiar, a pecuária e as pequenas indústrias.
A educação foi o primeiro passo. Agora, é essencial investir na estrutura produtiva do Bico do Papagaio, criando condições para que empresários, produtores rurais e trabalhadores possam prosperar. O setor de serviços precisa ser fortalecido, assim como a bacia leiteira, o gado de corte e as pequenas indústrias, garantindo que o crescimento econômico alcance todas as camadas da população. Além disso, a valorização da agricultura familiar deve ser prioridade, pois dela vêm a segurança alimentar, a geração de empregos no campo e a base para um desenvolvimento sustentável.
Para traçar um caminho sólido, vale observar exemplos bem-sucedidos em estados como Santa Catarina e Paraná, onde a agricultura familiar é a base da economia rural. Em Santa Catarina, mesmo com um território reduzido, a produção agrícola se destaca pela eficiência, impulsionada por tecnologia, cooperativas e políticas de incentivo. A pecuária leiteira e a avicultura são referências, garantindo não apenas o abastecimento interno, mas também exportações para diversos mercados. No Paraná, a força das cooperativas permite que pequenos produtores tenham acesso a insumos de qualidade, tecnologia de ponta e infraestrutura eficiente, assegurando preços justos e crescimento sustentável.
O Bico do Papagaio possui terras férteis, um povo trabalhador e um potencial agrícola gigantesco, mas ainda enfrenta barreiras que precisam ser superadas. A falta de incentivos fiscais, o crédito rural limitado e a deficiência na infraestrutura de transporte e comercialização são desafios que precisam ser enfrentados. Muitos produtores locais enfrentam dificuldades para escoar sua produção e obter preços justos, o que desestimula o crescimento do setor.
Para transformar essa realidade e tornar a região um polo de desenvolvimento sustentável, algumas medidas são essenciais:
- Fortalecimento das cooperativas rurais, garantindo que pequenos produtores tenham mais força no mercado e acesso a insumos e tecnologia;
- Ampliação do crédito rural com juros reduzidos, permitindo que agricultores invistam em modernização e aumento da produtividade;
- Melhoria da infraestrutura e logística, facilitando o escoamento da produção e reduzindo perdas no transporte;
- Incentivos fiscais para atrair agroindústrias, agregando valor à produção local e gerando empregos;
- Capacitação técnica e inovação no campo, tornando a agricultura mais eficiente e competitiva;
- Expansão da bacia leiteira e do gado de corte, fortalecendo setores já consolidados na economia da região.
A transformação do Bico do Papagaio começou com a educação. Agora, é preciso unir conhecimento e desenvolvimento, garantindo que a região alcance seu verdadeiro potencial. Com políticas públicas eficazes e o compromisso da sociedade, é possível construir um futuro próspero, sustentável e inovador, onde a riqueza do campo se traduza em mais qualidade de vida para toda a população.
ANDRÉ LUIZ
É advogado especialista em direito processual civil