Caro secretário Marcelo Lelis,
Cumprimento você pela iniciativa de reunir desde já órgãos ambientais e outros para definir o Plano Estratégico de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais. Ano passado lhe escrevi sobre a necessidade de um planejamento com muita antecedência para evitarmos a tragédia que assistimos, quando, lamentavelmente, tivemos até a perda de uma vida humana, Edimar Barreira Bezerra, que se feriu ao tentar combater incêndios em propriedades rurais no distrito de Buritirana, em Palmas. Essas queimadas, como o amigo sabe melhor do que ninguém, destroem o meio ambiente, prejudicam a produção e a saúde da população e ainda tiram vidas humanas e de animais silvestres.
Por isso, Marcelo, a necessidade de se pensar o quanto antes as ações, a contratação de pessoal e disponibilização de recursos. Dizer que não se esperava focos de incêndios em grande quantidade em agosto e setembro é o mesmo que eu falar que fui pego de surpresa pelo meu aniversário. Desde 1970, quando nasci, sei que completo nova idade em 12 de abril, como sei que em agosto e setembro, com a ventania soprando forte no campo, os focos de incêndio vão arrasar o cerrado. Se se sabe desde já, não existe a desculpa de que foi surpreendido. O fato é que faltou planejamento.
Caso típico do que ocorreu em 2024, quando foram registrados 16.545 focos de calor, contra 9.641 de 2023. Isto é 6.904 a mais, uma alta de incríveis 71,6%.
Mas nesse planejamento que começa a ser elaborado senti a falta da sociedade civil, sobretudo, dos produtores rurais. É fundamental a participação deles, para que sejam parte da solução e não fiquem apenas obrigados a cumprir o que for estabelecido. Os produtores estão na ponta, vivem efetivamente o problema, e, dessa forma, não resta dúvida, podem dar imensa contribuição a essa organização.
Como me disse quem entende muito desse assunto, e com o que concordo, ações efetivas, em qualquer plano, têm que ser um relacionamento entre instituições públicas e sociedade. Assim, não se faz ações ambientais só com o setor público. É necessário envolver as pessoas, porque há sentimento, porque a ação comunitária influencia diretamente no combate ao incêndio.
Fato é, amigo, que, sem a sociedade integrada, o melhor plano elaborado não funcionará. Sozinho, o setor público não dará conta de cumprir o seu papel. Por isso, a necessidade de o setor produtivo ser convidado a participar desde esses primeiros momentos, para que conheça profundamente, dê sua contribuição e, assim, sinta-se parte e comprometido com a causa, o combate às queimadas.
Não podemos deixar novamente que a situação fuja do controle, com muita destruição, poluição e perdas de vidas humanas e de animais silvestres.
Mas você está de parabéns, secretário, pela antecipação desse debate de interesse de todo o Tocantins.
Saudações democráticas,
CT