Caros eleitores tocantinenses,
As eleições de 2026 estão nas ruas. De um lado, os senadoriáveis, já a postos, disputam microfones e centímetro a centímetro dos palanques, como a Coluna do CT mostrou no episódio do final de semana envolvendo os deputados federais Carlos Gaguim e Alexandre Guimarães, na festa dos 34 anos de Cariri. De outro, a deflagração de um mega projeto eleitoral que garantirá todos os holofotes do governo Wanderlei Barbosa para a secretária de Participações Sociais e primeira-dama, Karynne Sotero, pré-candidata a deputada federal no ano que vem. “E é pra fazer funcionar”, decretou o governador a seus secretários em referência ao Rede Cuidar, que emprestou o nome de uma funerária, mas que quer Karynne muito viva nessa corrida.
Veja, senhores e senhoras, serão 17 secretarias com todas as suas ações sociais focadas na primeira-dama. Um deputado, nessa terça-feira, comparou para mim com o Governo Mais Perto de Você, de Marcelo Miranda, mas o nada fúnebre Rede Cuidar vai jogar todas as luzes não no chefe do Executivo, mas na esposa dele.
Agora, ficou bem claro a qualquer um com noção superficial de política que o lançamento desse projeto pré-eleitoral sinaliza claramente para a renúncia de Wanderlei em abril do ano que vem para concorrer ao Senado. Afinal, se não fosse isso, colocar toda a estrutura do Estado para fortalecer a imagem da primeira-dama seria inútil, porque, com o governador no mandato até dezembro de 2026, ela estaria impedida de disputar. Alguém pode me dizer que essa mega iniciativa visaria mesmo, tão somente, o combate à pobreza. Queria ter ainda o espírito inocente a ponto de acreditar nisso, mas, depois de 33 anos convivendo no subsolo da política, me tornei um caso perdido.
E, se o governador indica que vai renunciar, o sinal está sendo emitido, sobretudo, para quem é a pedra drummondiana no meio do caminho dele, o vice-governador Laurez Moreira. Nesse ponto preciso fazer conexão com a conversa que tive com Laurez nesta semana para o quadro CT Entrevista. Questionei-o sobre esse tema e a resposta também foi um aceno para Wanderlei. Primeiro o vice-governador avisou que não renunciará “jamais”, que não quer cargo em TCE ou coisa que o valha e que está realizado na vida. Trocando em miúdos, ele está avisando que não vai deixar de ser a pedra no caminho de Wanderlei, que o governador pode tirar o Amélio Cayres dos planos, caso queira concorrer a senador e ver Karynne deputada federal.
A outra resposta de Laurez foi um gesto altamente convidativo, se o governador quiser deixar de fazer política com o fígado. Perguntado por este missivista se há possibilidade de entendimento com Wanderlei, a resposta foi sedutora ao Palácio: “Não tenho restrição a ninguém”.
Dessa forma, eleitoralmente, os rumos estão muito bem traçados para Wanderlei, karynne e para o próprio Laurez, caso o governador demonstre mesmo interesse em renunciar. No entanto, não pode perder de vista a gestão. Isso é o que angustia quem acompanha de perto a administração estadual. Se as contas continuarem definhando, 2026 pode ser amargo, com problemas com fornecedores e servidores, o que refletirá diretamente nos projetos eleitorais.
E na solenidade dessa terça-feira Wanderlei não disse palavra sobre alguma medida para conter o descontrole fiscal. Só avisou que vai continuar viajando, sim, para cavalgadas, rodeios, praias e para assistir e jogar um futebolzinho. Aliás, o que Wanderlei mais fez nos últimos dez dias foi se dedicar a seu esporte preferido. Cabulou o lançamento de unidades habitacionais para assistir uma partidazinha do Tocantinense no Nilton Santos, na Capital; à bordo do King Air contratado pelo Estado desceu em Gurupi para desfrutar da final da Copa do Craque; aterrissou em Tocantinópolis para ver TEC x Atlético-MG; pousou de novo em Palmas para bater uma bolinha com os vereadores da Uvet e depois para receber os clubes profissionais, quando liberou R$ 3 milhões a eles. Isso só do que foi divulgado.
Nada contra, desde que as contas públicas não saiam, ou melhor, que entrem no radar. Caso contrário, Wanderlei pode terminar o mandato em forma física e com muito mais conhecimento do futebol estadual, porém, em grandes dificuldades eleitorais e na gestão. Aí corre o risco de ver a carreira política sepultada na Rede Cuidar, não o projeto eleitoral de Karynne, mas, metaforicamente, a funerária baiana mesmo.
Saudações democráticas,
CT