Caro prefeito Auri-Wulange,
Escrevo para me solidarizar com você e sua população pela tragédia absurda — e totalmente evitável, bom que se frise — dessa segunda-feira, quando uma senhora morreu atropelada por um caminhão que não deveria estar passando por sua cidade, se o governo federal agisse com presteza para evitar os transtornos advindos de outra catástrofe, a queda da Ponte JK, em dezembro. É duplamente lamentável, prefeito: o desabamento daquela travessia que ligava o Tocantins ao Maranhão e a injustificável lentidão para mitigar seus nefastos desdobramentos.
Tenho acompanhado sua luta e de outros prefeitos da região do Bico por conta dos impactos diretos da tragédia de dezembro. Se não me falha a memória, foram intermináveis cerca de 60 dias para colocarem balsas à disposição para a travessia do Rio Tocantins! E nada foi feito até agora para desviar o tráfego perigoso e destrutivo dos caminhões de suas cidades, que, como você tem insistido com razão, não oferecem condições para receber tamanho fluxo de veículos pesados.
Fora estarem acabando com a estrutura urbana conquistada pelo esforço árduo que acompanhei você fazendo junto à bancada federal, agora também leva à perda de vidas. É algo distópico o que essa região está passando, enquanto o governo federal dá passos de tartaruga para remediar o mal que causou.
Sim, prefeito, porque isso precisa ficar muito claro: a queda da Ponte JK é culpa do governo federal, do atual e dos presidentes anteriores que ocuparam o mais alto cargo da República e não agiram para garantir a segurança daquela estrutura, cuja precariedade vinha sendo anunciada em laudos técnicos de muitos anos antes.
Contudo, após o desastre, esperava-se que o Dnit, pelo menos, agisse com presteza para assegurar que os estragos resultantes do desabamento não se expandissem para os municípios que, obviamente, seriam impactados. Logo após o acidente de dezembro, eu já havia escrito, após conversa com especialistas, que era preciso tomar as devidas providências porque as cidades não estavam preparadas para receber os veículos pesados que buscariam rotas alternativas. Você e outros prefeitos também se manifestaram, mas o governo federal continuou no seu ritmo mastodôntico, sem se importar com o que poderia ocorrer.
Pois agora, como consequência dessa letargia, temos mais uma vítima fatal para se juntar às 17 que esse desastre fez em 22 de dezembro. É lamentável sob todos os aspectos, Auri, e, como você corretamente afirmou, “uma tragédia já anunciada muitas vezes”.
Será que vão ficar esperando novas vítimas? O acidente ocorrido em dezembro continua se reverberando por várias cidades do Bico do Papagaio e no Maranhão por conta da inação de quem tem a obrigação, por ser seu maior causador, de agir para impedir que os estragos e as fatalidades continuem aumentando. Só se preocupar com a conservação das rodovias estaduais é muito pouco. Quase nada.
Minha total solidariedade a você e à população de Axixá e do Bico do Papagaio.
Saudações democráticas,
CT