O deputado estadual Danilo Alencar (PL) fez uma dura fala na reunião extraordinária da Comissão de Finanças desta terça-feira, 24, contra os protocolos de tramitação das matérias. O liberal considera que a leitura dos textos não dá transparência o suficiente e subiu o tom até demais e deixou escapar um palavrão. “Tenho quatro advogados trabalhando no meu gabinete, mas o maqueiro não sabe que propus a lei número 8 mil, não sei o que, o car… Entendeu? Ainda continua obscuro, a população não sabe os projetos de lei que estão sendo votados”, disse em um debate com Valdemar Júnior (Republicanos), Olyntho Neto (Republicanos) e Júnior Geo (PSDB).
TEM QUE DESCREVER O PROJETO
Antes disto, Danilo Alencar já tinha feito forte protesto sobre o tema na reunião, ironizando os textos aprovados pela Aleto. “A Assembleia está enganando a população do Tocantins sem falar qual é o projeto. Não é certo isso. Quero o número tal, tal tal, vota todo mundo sim. Mas qual é o projeto? Vejo dia do maqueiro, do limpador de não sei o que, do limpador do rabo do cachorro. Que isso? A gente está melhorando o Estado deste jeito? Tem que descrever o projeto e isso vai ser uma mudança. […] Aqui passa R$ 500 milhões por ano, somos o 3º maior Poder e a gente não consegue discutir”, criticou.
POVO É CONTRA VENDA DA ENERGISA PORQUE NÃO CONHECE O PROJETO
Danilo Alencar cita como exemplo o controverso projeto que autoriza o Estado a vender a participação acionária da Energisa, que se coloca favorável devido à promessa de investimentos em hospitais, mas argumenta que parte da população não sabe desta destinação. O parlamentar até relata ter sido cobrado pelos próprios familiares do posicionamento. “O povo é contra porque fica avulso. Chega de tanto engambelar o povo do Tocantins”, disparou.
AQUI NÃO TEM ENGABELAÇÃO
Valdemar Júnior não gostou nada da indicação do colega de que a Aleto engana a população. O republicano lembrou da existência do Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL). “Peça para tua equipe entrar no SAPL para lhe dar conhecimento de todos os processos que estão dentro desta Casa de Leis. […] É de conhecimento público, aqui não tem engabelação. Aqui existem aqueles que trabalham um pouco mais e os que deixam a água levar. Eu não terceirizo o meu mandato. Faço com excelência e competência, da melhor maneira possível. E acredito que fará da mesma maneira”, afirmou. É este trecho que Danilo Alencar posteriormente rebate e que solta o palavrão.
RETÓRICA PARA A MÍDIA
Em seguida, o republicano defende os protocolos da Assembleia Legislativa e destaca que há abertura de discussão em todas as votações de projetos, inclusive dá-se liberdade para que o deputado peça a leitura do relatório.“Está resolvido o problema. Onde está o X da questão? Cadê a trava? Onde estamos enganando? Sendo obscuro? Em que momento não estamos dando acesso aos parlamentares a discutirem o assunto? Não existe isso, existe retórica para a mídia e o que estamos fazendo na prática”, rebate.
ACUMULA PROJETOS PARA A VIRADA DA NOITE PARA SÓ LEREM A NUMERAÇÃO
Apesar da defesa de Valdemar Júnior, Júnior Geo defende a tese de Danilo Alencar, mas voltou as críticas à falta de sessões e a agilidade na aprovação de textos pela Aleto, que faz com que não haja debate. “Façamos um simples cálculo da quantidade de sessões que deveriam ter ocorrido no decorrer deste semestre e as que não ocorreram por falta de quórum. É desrespeito”, inicia. O tucano cita que o acúmulo e posterior pressa para apreciação de matérias faz com que os documentos apareçam na SAPL durante ou até depois da votação. “Não temos conhecimento prévio do que será pautado. Aqui está a discussão. Você tem uma enormidade de projetos. […] Acumula tantos projetos aqui para a virada da noite, que encaixam de última hora e fazem a leitura só da numeração. Quantas vezes isso já aconteceu aqui?”, questionou por fim.
Confira o debate: