Caros palmenses,
Fica cada dia mais claro o tamanho da instabilidade política em que nossa Capital foi jogada por uma decisão baseada em fuxico, como já pontuei e reafirmo aqui: não há nela um só fato que justificasse o afastamento de um prefeito eleito após dois turnos de uma disputa renhida, atropelando, assim, a soberania popular. Pior: também está evidente que colocou o comando da cidade nas mãos de um preposto do pastor Amarildo Martins, que não é um político de saudosas memórias para os tocantinenses. Esse é o papel que parece cumprir o prefeito em exercício, também pastor, Carlos Velozo.
O que pastor Amarildo foi fazer na audiência do prefeito em exercício com o conselheiro Wagner Praxedes, do Tribunal de Contas do Estado? Qual o cargo dele na gestão interina? Que dia foi nomeado? A informação é de que Amarildo é quem dá o aval para todas as decisões importantes da prefeitura, e até despacha no gabinete do Orquidário. É verdade? Com que autoridade? A divina não pode ser, porque não estamos numa teocracia.
Mas Amarildo não é o único corpo estranho no Paço. Servidores contaram a este missivista que anda por lá também um irmão do pastor Carlos Velozo, o advogado Fábio Velozo, que é procurador de Varjão (GO). Sem qualquer nomeação, estaria despachando do gabinete destinado pelo prefeito Eduardo Siqueira Campos a seu vice, no prédio da JK. Com que o objetivo? O que faz essa pessoa?
Este tem se mostrado um governo da informalidade e da mais absoluta rejeição popular. A população desta Capital está perplexa pelo cenário disruptivo imposto pelo STF por uma decisão que parece que serviu mais para mostrar quem manda do que para fazer valer o bom direito.
Pastor Velozo não consegue manter sequer uma boa relação com a Câmara. Ao contrário, por exemplo, dos afastamentos de governadores, quando o tampão sempre procurou construir uma base ampla e sólida na Assembleia, o prefeito interino preferiu confrontar os vereadores, ao se exaltar e dizer que está “pronto para tudo” e que fica com ele “quem quiser”, como ocorreu na segunda-feira, conforme o testemunho de quatro parlamentares.
Na gestão propriamente dita, o que impera é a incerteza. Ninguém sabe se fica ou sai, e se os projetos em curso devem ser continuados. Três secretários entregaram os cargos, interrompendo o trabalho de um semestre. Como ficarão essas pastas a partir de agora? Congressistas disseram à coluna que vão aguardar o fim dessa indefinição para avançar com as emendas que pretendem destinar para Palmas, e que não querem colocar em mãos indevidas. Outros avisaram que só conversam com o prefeito Eduardo.
Enfim, senhoras e senhores, Palmas está como um navio à deriva, com um comandante comandado, que precisa do aval da cúpula para tomar decisão. Cúpula essa, ressalte-se, sem mandato, retirada da vida pública do Tocantins e cujas lembranças não são positivas para o Estado. Aliás, espera-se que nunca volte, por isso, o temor geral deste aparente golpe branco em curso.
A pergunta é até quanto o Judiciário brasileiro está disposto a enterrar o futuro da capital mais nova do Brasil? É preciso pôr ponto final neste caos em que fomos metidos e isso só será possível com a restauração da soberania popular, com a devolução do cargo a quem realmente é prefeito de Palmas, aquele legitimamente escolhido por sua população para ser seu governante: Eduardo Siqueira Campos.
Saudações democráticas,
CT