Caros eleitores tocantinenses,
Para falar a verdade, eu andava meio desassuntado nas últimas semanas diante da pasmaceira do nosso rame-rame político. Nasci para operar em meio ao caos, e o mar calmo em Executivos e Legislativos me deixa letárgico. Pelos céus, meu sossego acabou com a erupção de fatos que se sucederam no fim de semana prolongado. Nos últimos dias, leves tremores sísmicos indicavam que a explosão estava por vir. Exonerações de aliados da deputada estadual Janad Valcari do governo do Estado e a retirada de espaço da senadora Dorinha Seabra Rezende, com a efetivação da ex-deputada Valderez Castelo Branco na Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas).
Esses movimentos do governador Wanderlei Barbosa marcaram os territórios: ele de um lado, com seu pré-candidato Amélio Cayres, e Dorinha do outro. E Laurez Moreira? Calma, vamos chegar lá.
Os áudios vazados no final de semana cristalizaram esse cenário, quando a discreta senadora pensou alto com quem não devia e não merecia a confiança dela. A primeira consequência prática desse episódio foi colocar ainda mais Wanderlei no palanque de Amélio. Por enquanto.
De outro lado, o governador pode ter arrumado uma imensa dor de cabeça na Assembleia ao “oficializar”, numa entrevista, a informação de bastidores de que pôs Janad para fora de sua base. A princípio, considerando o perfil e o histórico da deputada, ela — como até afirmou em nota — não é de ficar em cima do muro. A turma do deixa-disso terá muito trabalho, e não sei se com alguma chance de sucesso.
Contudo, é preciso dizer que Wanderlei realmente não queria apoiar a candidatura de Janad à Prefeitura de Palmas, e dei notas sobre isso na CCT em todo o primeiro semestre do ano passado. O governador sinalizou até para o deputado estadual Júnior Geo, que acreditava que continuar se colocando contra o Palácio na Assembleia não teria problema algum. Por óbvio, isso impediu que avançasse qualquer discussão de apoio a ele.
Também não é verdade que Wanderlei não foi para a campanha de Janad. Claro que a operação Fames-19 abalou o governador e o tirou umas duas ou três semanas das eleições do ano passado. Mas, quando entrou, foi para valer, e sempre eu disse que ele exagerou. Brigou com jornalistas e aliados em defesa de sua candidata. Ninguém pode dizer que Wanderlei não saltou com alma para o palanque de Janad. O resultado disso, inclusive, é que o desgaste da derrota dela foi maior para ele do que para ela.
Sobre o áudio no mínimo indiscreto de Dorinha, alguns estão dando como fatal para a pré-candidatura dela. Muito longe disso. Primeiro porque a senadora não falou nada que comprometesse sua moral e sua relação com os eleitores. Ela apenas ampliou o fosso com o Palácio, que, como eu escrevi acima, já a colocou na oposição. Portanto, o áudio só a ajuda a criar coragem para encarar que não é mais parte da base do governador, que, claro, não deve estar nada feliz com o que ouviu.
De outro lado, Dorinha antecipou um debate interno que teria que fazer lá na frente. Ou seja, uma vaga de senador será de Eduardo Gomes. Com isso, Vicentinho Júnior e Carlos Gaguim terão que decidir entre os dois quem, pela federação União Brasil-Progressistas, vai ocupar a segunda candidatura ao Senado e quem vai à reeleição de deputado federal.
Do mais, Dorinha continua sendo um nome de enorme musculatura e difícil de ser batida neste momento, com apoio maciço dos prefeitos das maiores cidades e de pequenas; tem um partido que detém uma montanha de grana de fundo eleitoral e que governa mais de 40% da população do Tocantins.
Sobre Laurez, há quem defenda que ele vai ser governador a partir de abril, e que isso mudará tudo o que estamos falando sobre as eleições de 2026.
Neste momento, só nos restar observar e aguardar.
Saudações democráticas,
CT