Pré-candidato a presidência da República pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), Henrique Meirelles cumpriu agenda nesta terça-feira, 3, em Palmas. O ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e ex-presidente do Banco Central de Luiz Inácio Lula da Silva faz uma espécie de caravana por todos os Estados brasileiros para tentar convencer os correligionários que pode disputar o Palácio do Planalto. O Tocantins foi o 13º a ser visitado. Ao CT, o emedebista demonstrou bastante confiança no projeto.
Lançado como pré-candidato no fim de maio pelo próprio Temer, Meirelles tem pouco tempo até o início das convenções partidárias, que devem acontecer entre os dias 20 de julho e 5 de agosto. Apesar do prazo curto, o ex-ministro garante ter o apoio do partido. “O MDB está cada dia mais empolgado, a cada dia mais unido e forte. Já visitamos 13 Estados. A grande maioria dos convencionais já declarou apoio integral”, afirmou logo após o evento partidário.
Sobre estratégias para dar capilaridade à pré-candidatura, Henrique Meirelles preferiu recorrer ao currículo. “Na hora que o povo entender tudo aquilo que já fiz para o povo brasileiro, criando emprego, renda, controlando a inflação, verá ‘este é o homem que queremos’”, disse o emedebista, citando as passagens pela presidência do Banco Central no governo do ex-presidente Lula da Silva (PT) e pelo Ministério da Fazenda, na administração de Michel Temer.
Questionado pelo CT sobre a possibilidade de compor a vaga de vice do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), como a mídia nacional já tem repercutido, Henrique Meirelles adotou um discurso de que sua candidatura é certa e sairá vitoriosa. “Eu mandei uma mensagem muito direta, franca e sincera ao PSDB, dizendo que tenho certeza que receberei o apoio deles no segundo turno. E vou ganhar a Presidência da República com o apoio do PSDB”, encerrou.
Brasil não quer extremos
No evento para emedebistas tocantinenses, Henrique Meirelles focou em apresentar sua história, destacando em especial o porquê ter deixado a bem sucedida carreira internacional no mercado financeiro para voltar à política.
“Ao invés de ficar aqui só comentando, criticando, eu vou ajudar. Vou voltar e ajudar a reconstruir o Brasil. Hoje tenho motivação, faço aquilo que me dá energia, que me dá vontade de fazer mais. A minha vida agora tem um propósito que me empolga”, disse em discurso.
O ex-ministro também falou brevemente sobre a atual situação do País. Meirelles vê possível uma vitória de um candidato emedebista porque o eleitorado vai fugir de radicalismos. “A eleição nacional não quer os extremos. Não quer divisão, quer união”, resumiu.
Marcelo volta à “tribuna”
A visita de Henrique Meirelles ficou marcada também pela volta de Marcelo Miranda (MDB) a eventos públicos desde a cassação do mandato de governador. “A sua presença me credenciou a voltar à tribuna”, disse ao ex-ministro. O líder emedebista tocantinense fez questão de dar total apoio ao projeto do correligionário. “O senhor é o homem certo, no momento certo, para uma discussão mais profunda que o Brasil precisa. O MDB terá candidatura própria e o candidato será Henrique Meirelles”, afirmou.
Marcelo também conversou com o CT e demonstrou tranquilidade em relação ao processo de cassação, confirmada pela Justiça Eleitoral, mas com recurso pendente. O emedebista revela que tem confiança em readquirir a elegibilidade. “Houve uma decisão que respeito. Agora, depois de tudo o que aconteceu o ministro Luiz Fux reconhece o recurso extraordinário e encaminha para o Supremo [STF]. Nós vamos aguardar futuras decisões para nós nos tornarmos elegíveis de novo”, disse.
Mesmo em caso de conseguir de volta a elegibilidade, Marcelo Miranda foi cauteloso ao falar de uma candidatura. “Vai depender exclusivamente dos nossos companheiros. Não serei empecilho para qualquer decisão do colegiado. Agora é dar oportunidade para aqueles querem fazer o debate com a sociedade”, ponderou o ex-governador.
Por fim, Marcelo ainda falou brevemente da eleição suplementar. O ex-governador evitou falar de algum candidato específico. “Todos viram minha conduta, a forma com que conduzi o Estado, e depois, com minha saída, ninguém me viu falando A, B ou C. Pelo contrário, quero que o Tocantins continue a crescer, a se desenvolver”, disse o ex-governador, que, por outro lado, deu destaque ao alto índice de abstenções, votos nulos e brancos. “Todos nós sentimos a reação popular. Foi dado um recado não só para o Tocantins, mas para o Brasil”, comentou.
Apoio tocantinense
O presidente do MDB no Tocantins, Derval de Paiva, fez brevemente o uso da palavra, mas o destaque foi para o total apoio da direção estadual ao projeto de Henrique Meirelles. O emedebista diz que lutará para dar a unanimidade dos votos dos tocantinenses pela candidatura própria. Paulo Sidnei foi outro que exaltou o ex-ministro. “Falta confiança na política e esperança no Brasil. O MDB tem um homem que tem uma história para responder estas duas questões básicas”, defendeu.
Outro nome de peso do partido que apoiou o projeto de Meirelles foi o ex-governador e atual prefeito de Paraíso do Tocantins, Moisés Avelino (MDB). “O senhor com sua pré-candidatura, coragem, já está nos honrando muito. Venho falando isso há mais de 20 anos: sempre apêndice de outros candidatos”, criticou. O tocantinense ainda prevê vantagem do ex-ministro em relação as postulações já postas. “Os que estão em primeiros colocados [nas pesquisas] não vão chegar à presidência da República. Todos têm limitações”, alegou.
Talvez a manifestação mais controversa foi a do suplente de deputado federal Freire Júnior (MDB), que, apesar de exaltar Meirelles, pediu um discurso mais forte do pré-candidato do que o dito em encontro privado da Executiva do MDB. “Podemos ficar um pouco decepcionados com sua fala. Quero ouvir mais do que ouvimos na reunião. Quero ouvir seu coração pulsar, falar da vontade que lhe move. A minha fala é provocativa no sentido positivo, para que nós tenhamos a adrenalina que precisamos”, justificou.
Meio que em contraponto a Freire Júnior, a deputada federal Dulce Miranda (MDB) minimizou a questão dos pronunciamentos públicos e políticos. “As pessoas estão cansadas de discurso fácil, as pessoas querem resultado, ação”, afirmou. A parlamentar aproveitou para fazer campanha contra os votos nulos, brancos e abstenções que, segundo defende, “não vai ajudar ninguém”; e para cumprimentar o marido como “o governador eleito pelo voto popular do Tocantins”.
Presenças
Os deputados estaduais Valdemar Júnior (MDB), Nilton Franco (MDB) e Jorge Frederico (MDB) marcaram presença no evento. Alguns membros da estrutura administrativa da última administração de Marcelo Miranda também estiveram presentes, como Geferson Barros (PV), Jacques Silva, Pedro Dias, entre outros.