Caros eleitores tocantinenses,
Por aqui a coisa anda muito corrida, graças à ideia absurda de escrever dois livros ao mesmo tempo. Um é o segundo de contos e o outro sobre o rompimento da União do Tocantins em 2005 e 2006, que vejo como nosso principal fato político desde a criação do Tocantins em 1988. Isso tudo consome tempo e, como a coberta é curta, os pés ou a cabeça ficam ao vento. Por isso, pela minha inconstância, peço desculpas a todos. De toda forma, preciso escrever-lhes vez ou outra para elucubrar sobre as movimentações rumo às eleições de 2026.
A última alteração que faltava para dar solidez ao cenário do ano que vem era a decisão do governador Wanderlei Barbosa sobre sua renúncia. A posição dele foi antecipada pela filiação do vice-governador Laurez Moreira ao PSD de Irajá.
Amigos e amigas tocantinenses, antes, o próprio Wanderlei fez uma mexida brusca que consolidou um importante player na oposição, ao tirar a Secretaria Estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social do Tocantins, a Setas, da senadora Dorinha Seabra Rezende. Na prática, ele demarcou seu território e a colocou para fora da base palaciana. Depois, o áudio da pré-candidata do União Brasil reforçou seu posto de oposicionista e ainda trouxe à tona uma discussão interna sobre o Senado que só ocorreria a partir de março.
Esse debate foi resolvido com a efetivação da federação União Progressista, o poderosíssimo Frankenstein que surgiu da aliança de União Brasil e Progressista. Com o comando no Tocantins nas mãos de Dorinha e do deputado federal Carlos Gaguim, está mais do que claro que ali não vai caber a pré-candidatura a senador de Vicentinho Júnior. Aí tivemos, portanto, outra definição.
E agora, com a filiação de Laurez Moreira ao PSD, outra incógnita, portanto, está desfeita: Wanderlei não vai renunciar em abril do ano que vem. O movimento do vice-governador antecipou essa resposta, quando ele cerrou fileira no partido do arqui-inimigo do atual inquilino do Palácio Araguaia. Qual o ambiente para Wanderlei entregar o cargo a Laurez, com Irajá a tiracolo? Nenhum.
Assim, prezados tocantinenses, o cenário de 2026 está posto: como candidato do Palácio, o presidente da Assembleia, Amélio Cayres, do Republicanos; e, pela oposição, Dorinha, Laurez, Paulo Mourão, pelo PT, e Ataídes Oliveira, pelo Democracia Cristã.
As dúvidas para o processo agora se circunscrevem às vagas para o Senado. Do lado de Dorinha, a coisa parece mais adiantada, com Gaguim, do UB, e Eduardo Gomes, do PL. Laurez terá Irajá, que construiu a majoritária que não tinha para concorrer à reeleição; e o outro nome é dúvida. Amélio vem com o deputado federal Alexandre Guimarães, do MDB, com o companheiro do emedebista também por se resolver — o grupo palaciano acredita que ainda pode atrair Gomes. No Republicanos caberia Vicentinho Júnior, que, como acenou demais para os malucos radicalizados da extrema direita, inviabilizou sua ida para o PDT. O problema do deputado, se for o caso, será ingressar na sigla de Wanderlei e convencer o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, seu maior apoiador, a manter-se a seu lado.
Mas neste momento, pelo menos, a neblina grossa se diluiu e já podemos enxergar bem mais à frente. A estrada para 2026 fica cada dia mais visível.
Saudações democráticas,
CT