O presidente da Câmara, José do Lago Folha Filho (PSD), afirmou ao blog que está repensando o apoio à pré-candidatura a governador do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), depois que a sucessora dele, Cinthia Ribeiro (PSDB), exonerou na quarta-feira, 11, seus 12 indicados na prefeitura da Capital. A imprensa, contudo, chegou a falar de 56 aliados exonerados. “São só 12, e estou repensando tudo, conversando com companheiros, com esses exonerados e com minha família”, disse Folha.
Para o vereador, como “líder maior”, cabia a Amastha “comandar seus liderados”. “E ele não fez nada. Deveria pelo menos ter me chamado e à prefeita para uma conversa”, reclamou.
O presidente foi um aliado estratégico para Amastha no Legislativo. Graças a ele, por exemplo, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do PreviPalmas, para investigar os investimentos de riscos do instituto de Previdência do servidor municipal, não saiu do papel, apesar das assinaturas necessárias.
No campo eleitoral, Folha teve importante participação na boa votação de Amastha em algumas cidades da região norte, no primeiro turno da eleição suplementar. O vereador é do Bico do Papagaio, onde tem familiares influentes na política da região.
Graças a isso, o ex-prefeito conseguiu a terceira colocação em Tocantinópolis (1.702 votos), onde Folha se criou, e venceu na cidade natal do parlamentar, Nazaré (1.148 votos), com a união da força familiar do vereador com o ex-prefeito da cidade Clayton Paulo (PTB). Com apoio do presidente da Câmara de Palmas, Amastha se destacou ainda em Palmeiras e Luzinópolis.
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Por R$ 300 mil
Folha avaliou que as exonerações de seus indicados, alguns deles na prefeitura desde o governo Raul Filho, conforme o parlamentar, se deveu ao desentendimento que o vereador teve com a prefeita Cinthia Ribeiro no grupo de WhatsApp criado por Amastha para discutir sua pré-candidatura a governador.
O presidente da Câmara contou que secretários do município comentaram a programação da temporada de férias e ele quis saber sobre a Praia das Arnos, que ficou de fora neste ano. Folha lembrou que a prefeitura investiu no ano passado R$ 5 milhões na revitalização daquela praia, mas faltaram R$ 300 mil para a tubulação de gás e hidrantes, conforme exigência do Corpo de Bombeiros. Sem esse investimento, explicou o vereador, a área de lazer da região norte fica impedida de receber eventos, por não atender normas de segurança, o que prejudica os mais de 30 comerciantes do local. “Em dezembro fizemos o acordo para implantar essa tubulação e os hidrantes, mas até agora nada”, contou Folha.
No WhatsApp, a resposta dos secretários foi que não haveriam os R$ 300 mil para esse serviço, o que irritou Folha. “Vem falar para mim, que sou vereador e mexo com o orçamento, que não tem esse dinheiro? Conversa!”, fez o presidente da Câmara.
Cinthia se sentiu atingida por uma mensagem postada pelo vereador em meio à discussão e, para ele, foi o motivo da exoneração de seus indicados na quarta-feira. “Eu também contribui com a eleição dela, que foi consequência da nossa luta para eleger o Amastha. E demitir garis, numa cidade que anda suja de norte a sul?”, indignou-se Folha.
Impessoalidade
Numa nota sem entrar nos detalhes do imbróglio, a prefeita reiterou “a impessoalidade nas relações institucionais que mantém com o Legislativo Municipal e demais poderes constituídos”. Cinthia justificou as exonerações com o momento financeiro vivido pela prefeitura: “Medidas que envolvem dispensa de pessoal são sempre difíceis de serem tomadas, mas no momento se fazem necessárias, dadas as limitações orçamentárias e financeiras pelas quais passa o Município de Palmas”.
Ela afirmou que vai, inclusive, enviar projeto à Câmara em agosto “readequando a estrutura administrativa à realidade atual”.
Confira a íntegra da nota:
“A prefeita Cinthia Ribeiro reitera a impessoalidade nas relações institucionais que mantém com o Legislativo Municipal e demais poderes constituídos. Medidas que envolvem dispensa de pessoal são sempre difíceis de serem tomadas, mas no momento se fazem necessárias, dadas as limitações orçamentárias e financeiras pelas quais passa o Município de Palmas.
O Executivo Municipal inclusive prepara projeto de lei a ser enviado à Câmara de Vereadores assim que os trabalhos retornaram em agosto próximo, readequando a estrutura administrativa à realidade atual.
Mesmo com essas dificuldades, a Prefeitura tem conseguido antecipar os salários dos servidores e vem fazendo o mesmo com o repasse do duodécimo do Legislativo.
O pagamento deste subsídio inclusive foi feito na quinta-feira, numa demonstração da impessoalidade desta relação institucional”.