A prefeita em exercício de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), participou na manhã desta terça-feira, 6, da abertura do ano legislativo da Câmara. Diplomática, Cinthia elogiou os vereadores, mas cobrou a votação da Lei Orçamentária de 2018, que deveria ter sido aprovada até o final de dezembro. “Sejamos maduros o suficiente para preservar a sociedade de qualquer confronto político que por ventura possa existir, mas sempre no campo das ideias e não dos gestos”, pediu a prefeita em exercício. “Precisamos desarmar os espíritos. Não se trata de uma trégua, de buscar consenso político. Longe disso. Até porque o debate e o embate de oposição e situação é extremamente necessário e salutar para a construção de uma cidade. Mas a economia de Palmas precisa ser a nossa prioridade, pensada e debatida com a reserva necessária. Afinal, dela dependemos todos nós.”
Segundo Cinthia, o impasse em torno do orçamento municipal de 2018 pode quebrar o equilíbrio funcional entre Executivo e Legislativo e atrapalhar o crescimento de Palmas. “Adentramos o mês de fevereiro sem um orçamento votado, podendo comprometer uma série de serviços públicos essenciais e provocar um enorme estrago na nossa economia, afetando a credibilidade e a imagem da cidade”, afirmou.
LEIA MAIS
— BOM DIA – A primeira missão de Cinthia no pós Amastha
— Oposição na expectativa com gestão de Cinthia
— Governo Amastha nomeia marido de vereadora “rebelde” em subprefeitura
Para ela, “uma cidade com dificuldades para pagar seus fornecedores e servidores é uma cidade que não interessa a nenhum tipo de investidor”. “Compreendemos que o orçamento deve ser debatido ao extremo porque trata-se do dinheiro do cidadão. Mas, para isso, há tempo hábil, estabelecido em lei. E a cada dia que passa fica mais difícil explicar à sociedade porque o Executivo e o Legislativo ainda não chegaram a uma solução para esse impasse”, disse a prefeita em exercício.
Cinthia ressaltou que o atraso na votação do orçamento “não prejudica o prefeito ou a vice-prefeita”. “Prejudica o povo de Palmas, o comércio, a nossa incipiente indústria, a zona rural, a nossa sociedade civil organizada que mantém parcerias com a prefeitura”, afirmou.
Ela disse aos vereadores, por fim, que sabe do “compromisso e da responsabilidade que [eles] têm com a cidade e com o cargo públicos que lhes foi confiado”. “Vocês já deram mostra de que colocam a cidade em primeiro lugar. Por isso, quero transmitir ao cidadão palmense e ao prefeito licenciado que aqui encontrei um ambiente favorável aos grandes temas da cidade e com a disposição de cumprir com as suas obrigações para com a nossa Capital”, afirmou.
“Prefeito Pinóquio”
A prefeita foi tratada com muita cordialidade pelos vereadores de oposição, que mostraram apostar numa mudança de relacionamento com o Executivo, caso realmente Cinthia assuma em definitivo o comando de Palmas, com a possível renúncia do prefeito Carlos Amastha (PSB), em abril, para disputar o governo do Tocantins. Porém, o polêmico aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) dominou os discursos dos oposicionistas.
Ao cumprimentar Cinthia, o vereador de oposição Milton Neris (PP) chegou a dizer que seu “sonho de consumo” é ver a tucana prefeita em definitivo. “Se livrar logo do Pinóquio”, disparou em seguida, numa referência a Amastha.
Contudo, Neris disse que neste momento o IPTU está inviabilizando mais de 84 mil contribuintes. Em seguida mostrou o imposto de lote residencial da Arne 24, que saltou de R$ 1,6 mil em 2017 para R$ 4.978 este ano. “Caiu a máscara do mentiroso, do fanfarrão, do falastrão!”, afirmou o parlamentar, em referência a entrevista de Amastha para emissora de TV em garantia, no ano passado, que o palmense pagaria de IPTU em 2018 o mesmo valor do ano passado.
Amizade de anos
Também de oposição, Lúcio Campelo disse que Cinthia, caso assuma em definitivo o município em abril, terá o “desafio de colocar em ordem a prefeitura”. “Não conte só com os louros, amiga, eu tenho o maior carinho e respeito pela cidade, e muito mais pela senhora, porque nossa relação de amizade é de muitos anos”, disse ele voltando-se para a prefeita em exercício.
Para Campelo, “da mesma forma que a cidade avançou em alguns aspectos, ela avançou com a mão no bolso nos contribuintes de Palmas”. A receita cresceu 83%, mas, afirmou ele, o município é cuidado em “quatro ou cinco avenidas, onde se tem maior fluxo de pessoas”. “Mas vamos para o Taquari, onde o prefeito reside, não tem uma obra dele em cinco anos no Taquari”, garantiu o vereador. “Desafio vereador ou o prefeito a mostrar uma obra, a não ser grama, a R$ 30 o metro, quando aqui na Renda Portuguesa custa R$ 7”, provocou.
Resquício do João Ribeiro
Léo Barbosa (SD) também foi só elogios para Cinthia, que disse não ver “como continuidade de Amastha”. “Mas como resquício do senador João Ribeiro, que sempre tratou a todos com respeito”, afirmou à viúva do histórico senador tocantinense, emendando que a prefeita em exercício tem “um coração muito bom”.
No entanto, o vereador também criticou a situação do IPTU e a falta de asfalto. Para o vice-presidente da Casa, muitos bairros e avenidas continuam na poeira e lama há mais de 20 anos, mas em seu sexto ano de mandato, Amastha ainda não fez a pavimentação. “Ele está iniciando mais um ano com velhos problemas. Fizeram asfalto em cima de asfalto na Aureny III e em avenidas como a Tocantins, mas negligenciam a 508 norte, comunidade remanescente do Canela, e que está em Palmas desde antes daqui ser a capital”.
Barbosa falou ainda sobre a atual situação do setor Santo Amaro, incluso na cobrança do IPTU, e do distrito de Buritirana, que enfrenta diversos problemas estruturais. “Não é só a [rodovia] TO que está esburacada, Buritirana dentro do seu perímetro também está e a responsabilidade é do município”, ressaltou.