Em comício organizado em Palmas na terça-feira, 11, o governador Mauro Carlesse (PHS) afirmou que a população “está cansada de tantas eleições” e pediu, então, que os eleitores decidam logo as disputas no dia 7 de outubro, sem estender a agonia para um segundo turno. É um discurso forte porque ecoa pelos sentimentos dos tocantinenses, que realmente não suportam mais conversa de candidato, e, claro, feito em causa própria.
Carlesse, óbvio, quer que o povo termine com este debate em primeiro turno votando nele. Mostra que o governador está otimista com os números que deve receber diariamente sobre a corrida sucessória.
[bs-quote quote=”A impressão que temos é que o Tocantins atravessou 2018 inteiro numa disputa eleitoral interminável. Por isso é verdade: ninguém aguenta mais. O próprio desânimo da oposição se dissemina entre o eleitorado e contribui para aumentar esta sensação de cansaço que todos sentimos” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
A impressão que temos é que o Tocantins atravessou 2018 inteiro numa disputa eleitoral interminável. Por isso, é verdade: ninguém aguenta mais. O próprio desânimo da oposição se dissemina entre o eleitorado e contribui para aumentar esta sensação de cansaço que todos sentimos. Algumas fotos de candidato nos dizem que eles estão em campanha apenas por uma obrigação indigesta. Dá pena de ver.
Mesmo na trincheira da Redação é nítido que esta eleição é extremamente chocha. Os materiais mais efusivos são os que vêm da campanha governista. Os da oposição são muito esporádicos — tirante aqueles com trejeitos de denúncia, no “vai que cola”. Diferente do primeiro turno da eleição suplementar, uma grande festa democrática, com material de campanha animado, textos entusiásticos de todos os candidatos, dos menos aos mais competitivos.
As eleições neste momento estão parecendo algo protocolar, para não entregar tão fácil a faixa, sem alma, sem vida, sem festa. São campanhas depressivas, a ponto de a virada não estar sendo esperada via programas de TV, entrevistas, debates e imensos comícios calorosos, mas pelo “tapetão”.
Ou seja, a aposta não é numa mudança de posição do eleitor, mas numa interferência da Justiça. Este é o grande sintoma de que ninguém aguenta mais estas eleições, nem mesmo os próprios candidatos. Nas campanhas passadas, este debate judicial foi travado somente após a promulgação dos resultados. Desta vez, se antecipou a discussão. De certa forma é normal, porque estamos no segundo processo eleitoral do ano, mas, por outro lado, materializa toda a melancolia que nem de longe pode ser chamada de festa da democracia. Tem é cara de velório.
Todo esse quadro desmotivante deu a deixa para o governador Mauro Carlesse pedir à população que encerre com a angústia já no dia 7 de outubro. Pelo menos é verdade que, livre das eleições, o Estado voltará aos poucos respirar os ares da normalidade e o eleito poderá pensar em administração, o que até agora foi impossível com a necessidade de ir para o confronto com os adversários e ainda ter a gestão engessada pela legislação eleitoral.
Não é à toa que 2018 deve ficar marcado na história do Tocantins como um ano perdido, justamente quando deveríamos estar em festa pelos nossos 30 anos.
Por falar nessa efeméride, ninguém fala dela, prova cabal de que 2018 foi um ano jogado fora.
CT, Palmas, 13 de setembro de 2018.