Enfim, 2018 vai começar. Confirmando o que já disseram, que não somos um país sério, por aqui praticamente emendamos as festas de fim de ano com o carnaval. Ainda bem que a quaresma nos obriga a dar um basta na festança, caso contrário, levaríamos a patuscada até a Páscoa. Mas, claro, tem a copa do mundo no meio do ano, quando também paramos, sintoma mais que evidente de subdesenvolvimento. Os prejuízos e inconvenientes desse desligamento da realidade, para o mercado, são terríveis.
Como empresários, sabemos que janeiro e fevereiro são meses praticamente perdidos. As vendas caem, os recebimentos são postergados para pós-férias e depois, novamente, para quando o carnaval passar. Quem não recebe não paga e o ciclo perverso se reproduz em todas as cadeias produtivas, gerando enormes problemas.
[bs-quote quote=”Mas, enfim, passa o carnaval. As pessoas se libertam do profundo alheamento e se dão conta das responsabilidades” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Cleber Toledo” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
De tanta empolgação com os rega-bofes pra la de fartos que retardamos até o regime. Prometemos começá-lo após o ano novo. Uma mentira que não convence a ninguém. Após as festas, parentes chegam e aí não há refeições à base de folhas que se sustente. Deixamos para quando nossos queridos forem embora, mas, aí está tão perto do carnaval que não compensa abraçar um menu rigoroso para abandoná-lo em seguida. Assim, fica para a quaresma, tempo mais do que apropriado, fisiológica e espiritualmente, para fechar a boca.
Enfim, o carnaval passa. As pessoas se libertam do profundo alheamento e se dão conta das responsabilidades. Por isso, a torcida sempre para essa festa cair em meados de fevereiro. Quando fica para o final do mês ou início de março, a situação de abandono da vida real se prolonga perigosamente.
Na política, carnaval é o período de se frequentar as festas nos diversos municípios, pôr a cara nos palanques, andar em meio ao populacho para testar a aceitação e de muita conversa com os líderes locais, lógico, se estiverem sóbrios. Neste ano, especificamente, passada a festa de momo, com uma data-limite para inúmeras definições bem aí, a pré-campanha será acelerada.
Duas definições são as mais esperadas: se os prefeitos Ronaldo Dimas (PR), de Araguaína, e Carlos Amastha (PSB), de Palmas, vão mesmo renunciar para a disputa pelo governo do Estado. Amastha já garantiu no Carnaval da Fé que vai entregar o comando do município à hoje prefeita em exercício, Cinthia Ribeiro (PSDB). Dimas está construindo a pré-candidatura, se diz animado, mas ainda não sinalizou se realmente renunciará para entregar a prefeitura ao vice, Fraudneis Fiomare (PSB), hoje também prefeito em exercício. A configuração da disputa depende dessa decisão dos dois. Se renunciam, o cenário é um; se não, outro totalmente diferente.
A senadora Kátia Abreu também tem até 7 de abril para definir o partido em que vai se filiar. Ela foi expulsa do MDB no segundo semestre do ano passado e negocia com várias siglas.
Outros nomes garantem que são candidatos e não abrem, casos do ex-juiz Marlon Reis (Rede), Mauro Carlesse (PHS) e Ataídes Oliveira (PSDB). O deputado estadual Paulo Mourão diz que segue firme com sua pré-candidatura pelo PT, mas o projeto passa pela aliança nacional de seu partido com a senadora Kátia Abreu, ainda que petistas neguem isso de pés juntos.
Por fim, aparece também Marcos Sousa, do nanico PRTB, partido que assegura que vai colocar chapa completa nas ruas e avenidas, com o advogado Marcelo Cláudio e o sociólogo Fernando Storni ao Senado. Será que a legenda vai aguentar a pressão que vem por aí? Garante que sim.
Daqui a 7 de abril o cenário das eleições de 2018 estará pelo menos 85% construído. Sobretudo no que diz respeito às chapas de candidatos a governador.
Será um ano corrido, que passará rapidamente, mas que, enfim, começa nesta Quarta-Feira de Cinzas. Amém! Antes tarde do que nunca.
Feliz 2018!
CT, Palmas, 14 de fevereiro de 2018.