Não é desconversa, mas puro pragmatismo, a declaração do líder da bancada do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), de que não existe a possibilidade de a prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, não fazer parte do projeto da executiva nacional do partido nas eleições municipais do ano que vem. Afinal, o tucanato não está em condições de descartar uma prefeita de Capital. A legenda vive o pior momento de sua história.
[bs-quote quote=”Do ponto de vista das disputas regionais do tucanato, o que vai pesar na avaliação da executiva nacional não é o cargo que o líder ocupa na estrutura interna do partido, mas seu histórico eleitoral e a perspectiva de sucesso em 2020″ style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Saído das entranhas do MDB, quando o partido da redemocratização deixou-se invadir por tudo quanto é tipo de oportunista, que apenas queriam se desvincular da ditadura para salvar a própria carreira política, o PSDB surgiu no cenário nacional como uma bolha para garantir a assepsia que os brasileiros já começavam a exigir de seus representantes.
Chegou ao Poder em 1994 com Fernando Henrique Cardoso e, com o Plano Real, levou o Brasil a alcançar a estabilidade da moeda tão sonhada desde o fim da ditadura e dos anos espinhosos de hiperinflação. O real, e não o bolsa-família, foi a maior conquista do povo brasileiro, porque a inflação é o imposto mais pesado para o pobre.
Após um ciclo de intensas crises internacionais, o governo tucano entrou em crise e abriu o caminho para o PT chegar ao Poder em 2003. Contudo, na oposição, fraco e titubeante, o PSDB foi um retumbante fracasso e, o que é pior, seus principais líderes se deixaram tragar pela espiral da corrupção, que já vinha sorvendo petistas e emedebistas.
O PSDB vive agora um outro momento com novos líderes surgindo, como o governador de São Paulo, João Dória, e o jovem governador gaúcho, Eduardo Leite, de apenas 34 anos. Pela história construída nos anos FHC, o partido ainda representa os anseios de desenvolvimento econômico e social do País. São esses líderes que agora olham os destroços de 2018 — dos 54 deputados federais de 2014, apenas 29 voltaram; dos 10 senadores, restaram 8 — e precisam reconstruir o partido.
Dentro deste contexto nacional, como renunciar a uma prefeita de Capital que agora vai receber uma injeção de obras de R$ 235 milhões e que tem mais de um ano de mandato para se viabilizar para a reeleição?
Do ponto de vista das disputas regionais do tucanato, o que vai pesar na avaliação da executiva nacional não é o cargo que o líder ocupa na estrutura interna do partido, mas seu histórico eleitoral e a perspectiva de sucesso em 2020. Por esse aspecto, meramente pragmático, é impossível Cinthia ser preterida pelo PSDB nacional, uma sigla que precisa se reinventar e se apresentar ao Brasil ainda como opção para as eleições presidenciais de 2022.
Nesse prisma, tem mais valor o produto que se pode colocar na vitrine do que aquele que fica no fundo da loja. Os primeiros fortemente procurados pelos holofotes da mídia são os prefeitos de Capital. Assim, são os que brilham reluzentes e os que todos partidos querem exibir.
Não foi por outro motivo que o líder tucano Carlos Sampaio foi afável ao dizer para a prefeita de Palmas “descansar o coração”.
CT, Palmas, 27 de março de 2019.