A irracionalidade da logística rodoviária brasileira sempre foi algo que me impressionou. Com tantos rios que atravessam imensas regiões e diante da viabilidade das ferrovias, como podemos pegar mercadorias no Rio Grande de Sul e levá-las de caminhão até Rondônia? Não dá para entender, senão pelos velhos acordos da indústria automobilística com políticos que se lixam para os interesses nacionais.
[bs-quote quote=”Atravessando o País inteiro por rodovias para escoar a produção, matamos mais gente, poluímos mais, desperdiçamos mais, gastamos horrores para manter o asfalto tragável e aumentamos absurdamente o custo Brasil” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor da Coluna do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/CT-trabalhado-180.jpeg”][/bs-quote]
Atravessando o País inteiro por rodovias para escoar a produção, matamos mais gente, poluímos mais, desperdiçamos mais, gastamos horrores para manter o asfalto tragável e aumentamos absurdamente o custo Brasil, derrubando nossa competitividade frente aos concorrentes de nossos produtos. Então, por que mantemos essa política irracional de logística de transporte, baseada quase que exclusivamente no modal rodoviário?
Conversando com um especialista certa vez, ele me disse que na Europa os caminhões rodam no máximo 300 quilômetros. Somente até a primeira ferrovia ou hidrovia. Isso é inteligência, racionalidade, que leva a ganhos de produtividade enormes.
Veja o caso desse debate da Transbananal, a TO-0500: como bem disse o engenheiro José Rubens Mazzaro — entusiasta dessa obra redentora para a região sul, para o Tocantins, Norte e Centro-Oeste do Brasil —, nossa produção de milho e soja hoje dá um passeio por quase todo o País para ser embarcada para Estados Unidos, Europa e Ásia.
Visualize esse absurdo: a produção agrícola de Mato Grosso e Tocantins se dirige ao Porto de Santos (SP) e Paranaguá (PR). De lá, os navios sobem toda a costa brasileira em direção à Europa, Estados Unidos e ao Porto do Panamá, rumo à Ásia. O passeio dos produtos é de 6,7 mil quilômetros para despachá-los para os clientes europeus, americanos e asiáticos.
Se construirmos uma estrada de míseros 90 quilômetros, que não custará um centavo ao contribuinte já que se trata de uma concessão, um projeto cercado de preocupações ambientais e que vai representar uma enorme fonte de receita para a comunidade indígena, esse passeio será reduzido em 4.620 quilômetros. Ou seja, ao invés de 6,7 mil quilômetros, em 2.080 quilômetros nossa produção será embarcada via Porto do Itaqui (MA).
Em termos de tempo, fundamental quando se fala em competitividade, a economia de percurso fará com que o passeio da soja e do milho caia dos atuais oito dias para somente dois. Estamos falando apenas em escoamento de produção. Se considerarmos a estimativa de aumento de tráfego geral pela Transbananal para 3 mil veículos por dia, dá para ter uma mínima noção do quanto isso vai representar de desenvolvimento para a região sul do Tocantins, com reflexos para todo o Estado.
Por isso, essa audiência pública que será realizada em Gurupi nesta sexta-feira, 18, às 9 horas, é importantíssima e histórica, com a presença dos governadores de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), e Tocantins, Mauro Carlesse (DEM), e do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, deputados, senadores, prefeitos, vereadores e comunidade.
Diante da estagnação que vivemos nestes últimos anos, não podemos nos dar ao luxo de adiarmos esse projeto. O Tocantins tem pressa.
CT, Palmas, 17 de outubro de 2019.