Foi realizado na manhã desta quinta-feira, 15, uma audiência pública na Câmara de Palmas. A reunião aconteceu para discutir com a sociedade, especialistas e entidades civis sobre o abastecimento de água na Capital, tendo em vista a poluição das bacias do Ribeirão Taquaruçu, responsável por cerca de 70% do abastecimento de água de Palmas.
O vereador e professor Júnior Geo (Pros) que estimulou a iniciativa, destacou a necessidade de se discutir o tema. “Espero que possamos sair daqui com propostas concretas de ações que visem a proteção em especial das nossas nascentes”, frisou Geo.
Representando 22 entidades que defendem a preservação das bacias do Ribeirão Taquaruçu, a vice-presidente da Associação Água Doce, Noely Maria Sturmer afirmou que apesar das ações civis, nenhuma outra medida foi tomada pelas autoridades. “O nosso pedido é para que a Câmara de Vereadores lute para que as nascentes sejam preservadas e não envenenadas como está ocorrendo. Que os vereadores criem projetos de lei para a conservação dos nossos recursos hídricos”, cobrou Noely.
A maior preocupação das entidades é que os agrotóxicos poluam a água, uma vez que as áreas onde estão localizadas as nascentes e as margens do ribeirão, estão sendo desmatadas para o plantio de soja, cultura que demanda grande quantidade de defensivos agrícolas. “A natureza não precisa de nós, somos nós que precisamos da natureza”, destacou o arcebispo de Palmas, Dom Pedro Brito Guimarães, que também defendeu a preservação do ribeirão.
O presidente da Casa, vereador Folha (PSD) destacou o papel de fiscalização do poder público. “Em 2009, por exemplo, já discutíamos nesta Casa de Leis de que forma a então empresa responsável, Saneatins, poderia contribuir com a sociedade e com o meio ambiente. Na época houve um compromisso da empresa em incentivar os proprietários a preservarem o meio ambiente em suas áreas, mas a concessionária não cumpriu com o seu compromisso social”, afirmou o presidente da Câmara.
Pesquisas
Jackson Rogério Barbosa, professor e mestre em saúde coletiva da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), apresentou resultados de sua pesquisa, para mostrar danos causados pelo o que ele considera de “atividade desenfreada de agronegócio”. O solo, os alimentos, tudo está contaminado pelos produtos tóxicos usados nas plantações. Pesquisas que nós realizamos demonstram que até mesmo o leite materno está contaminado com agrotóxico. No Mato Grosso não houve preservação das nascentes, espero que em Palmas seja diferente”, ressaltou o professor.
Conscientização
Para a vereadora Vânia do Aureny (PPS), que tem uma propriedade em Taquaruçu, o sentimento é de tristeza e é preciso conscientizar os proprietários da região para a questão ambiental. “Temos que fazer um trabalho de conscientização com os proprietários de terras. Na educação está o início de tudo. As pessoas quando possuem informação têm mais responsabilidade”. A parlamentar afirmou ainda que vai apresentar um projeto de lei para que esses proprietários irregulares sejam autuados, tendo que replantar tudo que foi desmatado em até 24 horas.
Já o vereador Léo Barbosa (SD) lamentou a ausência de um representante da concessionária de água que atua no estado. “A BRK Ambiental deveria desenvolver mais ações preventivas e investir em reflorestamento. Temos agora chuva, graças a Deus, mas na primeira estiagem a gente vai passar pela falta de água. É uma preocupação de todos”, ressaltou.
O representante do Ministério Público Estadual, Manoel Moura da Silva, o advogado Diego Rodrigues da Silva, a coordenadora do Conselho Indigenista Missionário, Laudovina Aparecida Pereira, Aldaires Rodrigues Pacheco, representante do Naturatins, além de cidadãos inscritos que tiveram a oportunidade de apresentar suas ideias e seus questionamentos, estiveram presentes na audiência.