Nesta semana em particular, não iremos abordar diretamente a questão de políticas públicas, pois não existe clima para isso, por um motivo muito simples: o Brasil e o Tocantins estão parados. O assunto e a preocupação são os combustíveis, digo ter o combustível.
As pautas principais e o movimento em si da greve dos caminhoneiros inicialmente eram totalmente pertinentes, inclusive, apoiado no primeiro momento de forma unânime por toda a população. De fato a categoria é massacrada pelos governos brasileiros em todas as instâncias, porém, temos uma incógnita. Se o movimento conseguiu se organizar e parar todos os caminhões, que deve ter sido feito por mídias sociais, o que é louvável, a partir do momento que foi feito o acordo com o governo federal pelos seus representantes também deveria ocorrer à desmobilização momentânea, para verificação se o que foi acordado está sendo cumprido. Mas não foi isto que aconteceu, então, onde está a representatividade?
[bs-quote quote=”As refinarias da Petrobras, em particular a REPLAN de Paulínia no estado de São Paulo, estão organizando uma greve de 72 horas a partir de quarta-feira. Ou seja, para dificultar a saída e produção de combustível, estão embaralhando a tentativa de minimização da crise, fato que comprova minha tese de envolvimento politico para criar mais tensão e caos, pois os sindicatos são vinculados a partidos políticos” style=”default” align=”right” author_name=”MARCELLO LEONARDI BEZERRA” author_job=”É professor e economista” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/04/MarcelloLeonardiBezerra60.jpg”][/bs-quote]
Quando foi divulgado que o acordo tinha sido feito pelos representantes dos mesmos na mídia na quinta-feira à noite, não houve no dia seguinte a desmobilização. Depois disto alegou que os lideres que fizeram o acordo não os representavam, então, fica a pergunta: quem era aqueles indivíduos ou figuras?
Muito se tem falado que o movimento tem coordenadores pulverizados. Neste ponto acredito que seja natural, motivado pela característica da categoria, mas, da forma como está sendo conduzido, podemos concluir que se tem 2 milhões de caminhoneiros e 2 milhões de líderes, desta forma o movimento perde o apoio unânime da população, pois os avanços conseguidos não são respeitados e aí se cria um caos desnecessário.
Temos que ter consciência de que alguns serviços básicos têm que ser mantidos, como medicamentos, oxigênio, etc., e hospitais, pois pessoas que fazem hemodiálise, transplantes estão na UTI. Outros podem morrer se não forem repostos os medicamentos.
O problema que os caminhoneiros têm enfrentado são ocasionados há muito tempo e explodiu agora. Primeiro pelo monopólio da Petrobras, que é péssimo para o mercado, além política de contenção de preços feito pelo governo de 2010 a 2016, deixando a empresa quebrada, com prejuízos incalculáveis e corrupção, ambos somados em torno de R$ 60 bilhões. De 2016 para cá, veio o repasse automático dos preços, num país que não tem a cultura nem a economia condicionada para isto, causando está convulsão social. Fato que tenho escrito e falado há muito tempo.
Mas acredito que a dificuldade para chegar a um acordo definitivo, com certeza, deve ter motivos políticos, como por exemplo partidos políticos radicais que temos no Brasil infiltrados, que querem ver o quanto pior melhor ou ver circo pegar fogo, como se diz no popular. Para depois alegar na eleição presidencial que são os melhores, mas não podem aparecer, pois, se o fizessem, estariam perdendo a função de espalhar o caos. Além do que não teriam apoio, até porque são responsáveis também do status quo, já que ajudaram a piorar a crise desta classe trabalhadora no período que estiveram no poder.
As refinarias da Petrobras, em particular a REPLAN de Paulínia no estado de São Paulo, estão organizando uma greve de 72 horas a partir de quarta-feira. Ou seja, para dificultar a saída e produção de combustível, estão embaralhando a tentativa de minimização da crise, fato que comprova minha tese de envolvimento politico para criar mais tensão e caos, pois os sindicatos são vinculados a partidos políticos.
Estamos em um dos momentos mais complicados no Brasil, com prejuízos que já chegam, oito dias após as paralisações, a R$ 150 bilhões, sem contar as perdas indiretas, não mensuráveis.
As partes envolvidas, o governo e os líderes em particular, seja quantos forem, têm que baixar a bola e voltar o país à normalidade. Caso contrário, haverá radicalização de ambas as partes e isto não é bom para o Brasil e pode deixar sequelas imprevisíveis desnecessárias.
Temos ainda por fim uma incógnita: sobre a redução do diesel, já foi aprovada e que ocorrerá em dias, de 0,46 centavos, os órgãos de fiscalização dos governos, Procon, Polícia, ANP, entre outros, irão fiscalizar e obrigar o repasse chegar efetivamente nas bombas, lembrando que tudo é uma cadeia, se um dos elos falhar fragmenta o resultado final?
O governo federal, tem procurado atender as reivindicações, atrasado, mas está fazendo seu papel. Inclusive, os lideres, que ninguém sabe quem quantos são, estão entendendo e contemporizando. Então, o bom senso tem que imperar.
MARCELLO LEONARDI BEZERRA
É professor e economista
E-mail marcellolb@terra.com.br