A líder quilombola Lucelina Gomes dos Santos, a Dona Juscelina, faleceu no sábado, 3, em Araguaína, aos 90 anos. Ela vivia na comunidade quilombola que leva seu nome, em Muricilândia, o Quilombo Dona Juscelina. Segundo o vice-prefeito da cidade, João Filho, a idosa enfrentava problemas de vesícula e na semana passada sofreu dois AVCs e a parada cardíaca que lhe tirou a vida.
Doutora Honoris Causa
No dia 24 de fevereiro, o Conselho Superior (Consuni) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) concedeu do título de Doutora Honoris Causa a Dona Juscelina. Ela nasceu em 24 de outubro de 1930, em Nova Iorque, no Maranhão, neta de uma cativa. Dona Juscelina foi benzedeira, devota e romeira de Padre Cícero e do Divino Espírito Santo. Também era lavradora, parteira, quebradeira de coco e griô (indivíduo que, numa comunidade detém a memória do grupo e funciona como difusor de tradições), presidindo o Conselho de Griots da Comunidade desde a fundação.
Cidadã Muricilandense
Dona Juscelina ainda recebeu o título de Cidadã Muricilandense, concedido pela Câmara Municipal de Muricilândia, em 2012, pelos relevantes serviços prestados à cidade na construção de uma comunidade negra quilombola, resgatando e incentivando a cultura e os direitos desta comunidade.
Prêmio Boas Práticas em Direitos Humanos
Em 2016, como reconhecimento por sua importância na luta em defesa dos direitos da comunidade quilombola, recebeu o Prêmio Boas Práticas em Direitos Humanos – Categoria VIII – Igualdade Racial, concedido pela Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju) do Tocantins.
No Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial
Como lembrou a deputada federal Dulce Miranda (MDB), a morte de Dona Juscelina coincidiu com o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, comemorado em 3 de julho. “O Tocantins perde uma das personalidades mais importantes, que é símbolo dessa resistência de respeito aos nossos irmãos”, afirmou em nota a parlamentar.
583 crianças ao mundo
Segundo a deputada, como parteira por 25 anos, Dona Juscelina trouxe 583 crianças ao mundo. “Tínhamos uma relação estreita, de mãe e filha, e assim como as 583 crianças que ela trouxe ao mundo, na condição de parteira por 25 anos, estou me sentindo órfã, e já pesarosa com a partida dela”, lamentou Dulce.
Legado de luta
O também deputado federal Vicentinho Júnior (PL) afirmou que Dona Juscelina “se despediu de nós, mas deixa um legado de luta, de quem não hesitou em enfrentar, com serenidade e fé, os desafios da vida”. “Tive a honra, não só de conhecê-la, mas de contar com o seu carinho e amizade”, disse.
Notas de pesar
Coincidentemente, no Dia Nacional Contra a Discriminação Racial, o Tocantins perde uma das personalidades mais importantes que é símbolo dessa resistência de respeito aos nossos irmãos. Neste sábado, 3 de julho, em Araguaína, Lucelina Gomes do Santos, “Dona Juscelina”, moradora de Muricilândia e representante do povo quilombola do município, nos deixou aos 91 anos de idade.
Meu coração está dilacerado com essa notícia, e estou sem acreditar na passagem dessa mulher que tanto me ensinou, e que muito lutou pela sua gente, sua cultura, suas raízes.
Tínhamos uma relação estreita, de mãe e filha, e assim como as 583 crianças que ela trouxe ao mundo, na condição de parteira por 25 anos, estou me sentindo órfã, e já pesarosa com a partida dela.
A dona Juscelina merece todo o respeito do povo tocantinense pelo legado que deixou, pois foi uma defensora dos direitos humanos em todos os sentidos. Recentemente recebeu o título de Doutora Honoris Causa, pela Universidade Federal do Tocantins, e, mês de maio deste ano, a indiquei ao prêmio Zilda Arns, uma honraria da Câmara Federal que reconhece o trabalho de pessoas como a dona Juscelina. A votação será no dia 18 de agosto deste ano e, eu já estava em plena campanha por este reconhecimento nacional, mas infelizmente Deus a chamou.
Rogo ao Pai o acolhimento do espírito dela, e, em nome dos netos de coração, João Filho, Manoel filho e Ludmila, deixo o meu carinho, orações e pensamentos positivos aos demais irmãos do Quilombola Dona Juscelina e aos moradores de Muricilândia.
Me despeço com muita dor no coração, dessa mãe, amiga, mulher fervorosa e neta de escravo que defendeu com muita maestria sua gente e seus ancestrais.
Descanse em paz…
Dulce Miranda
Deputada Federal
Marcelo Miranda
Ex-governador e presidente regional do MDB
Uma mulher simples de uma sabedoria imensurável. Neste sábado, aos 92 anos, Dona Juscelina se despediu de nós, mas deixa um legado de luta, de quem não hesitou em enfrentar, com serenidade e fé, os desafios da vida. Tive a honra, não só de conhecê-la, mas de contar com o seu carinho e amizade. Neste momento de muita tristeza e reflexão, que a sua trajetória de vida seja um incentivo a continuar lutando por um Tocantins de oportunidades para todos.
Com imenso pesar, por esta perda inestimável, solidarizo-me com as famílias que residem na comunidade quilombola Dona Juscelina, familiares, amigos e muricilandenses. Em oração, pedimos a Deus que acolha sua filha e lhe dê o merecido descanso.
Vicentinho Júnior
Deputado Federal
Minha grande amiga dona Jucelina partiu. Deixando saudade em muitos corações inclusive no meu. Estou em Brasília impossibilitado de ir a Muricilândia terra querida para me despedir. Mas daqui sempre reconhecerei o valor desta grande brasileira. Negra religiosa solidária🙏Rogo a Deus que a proteja e descanse em paz.
Vicentinho Alves
Ex-senador
É com pesar que a Universidade Federal do Tocantins (UFT) informa o falecimento da Doutora Honoris Causa Lucelina Gomes dos Santos – a Dona Juscelina, do Quilombo Dona Juscelina, em Muricilância Tocantins, neste sábado, dia 03 de julho de 2021.
Dona Juscelina, nascida em 24 de outubro de 1930, na cidade de Nova Iorque no Maranhão, era neta de uma cativa. Benzedeira, devota e romeira de Padre Cícero, do Divino Espírito Santo, também foi lavradora, parteira, quebradeira de coco e griô, presidindo o Conselho de Griots da Comunidade desde a fundação.
Portadora do Título de Cidadã Muricilandense, título concedido pela Câmara Municipal de Muricilândia, no ano de 2012, pelos relevantes serviços prestados à Cidade de Muricilândia na construção de uma comunidade negra quilombola, resgatando e incentivando a cultura e os direitos desta comunidade. No ano de 2016, como reconhecimento por sua importância na luta em defesa dos direitos da comunidade quilombola, recebeu o Prêmio Boas Práticas em Direitos Humanos – Categoria VIII – Igualdade Racial, concedido pela Secretaria de Cidadania e Justiça – Seciju do Estado do Tocantins.
Doutora
A concessão do título de Doutora Honoris Causa à Lucelina Gomes dos Santos – a Dona Juscelina do Quilombo Dona Juscelina – foi apreciada e votada por unanimidade pelo Conselho Superior (Consuni) da UFT no dia 24 de fevereiro de 2021.
A deputada Professora Dorinha se solidariza com a família da Dona Juscelina, de 92 anos, após o seu falecimento, neste sábado, 3 de julho.
Símbolo dos Quilombos, Dona Juscelina era referência como uma das líderes das quilombolas do Estado.
Moradora do município de Muricilândia, a líder deixa um grande legado de luta em defesa dos direitos da comunidade quilombola.
À família e amigos, a parlamentar roga a Deus para que os console neste momento difícil.
Assessoria Deputada Dorinha
Palmas, 3 de julho de 2021