Anderson Ribeiro Muller viu o pai pela última vez no dia 7 de dezembro, quando Antoninho Muller foi a Chapecó (SC) buscar o caminhão da empresa em que trabalha para ir a Belém (PA). Na noite desse sábado, 25, o caminhoneiro de 56 anos morreu em Araguaína, pouco depois de ter sido transferido de Tocantinópolis, onde buscou atendimento. “Perdi meu herói, meu amigo”, lamentou Anderson.
O pai era separado e deixa dois filhos. O outro filho, Jefferson Ribeiro Muller, vivia com Antoninho em Dourados (MS). Fazia mais de 40 dias que o caminhoneiro havia saído para a sua última viagem. “Eu falava com ele todo dia”, contou Anderson.
Segundo ele, o pai começou a sentir os sintomas do novo coronavírus há dez dias, mas se recusava a ir ao médico. “A gente pedia para ele ir ao médico, mas era teimoso. Só foi depois que o patrão dele pediu”, contou Anderson.
Última conversa
Antoninho estava no Pará, quando foi a Tocantinópolis, no Bico do Papagaio, em busca de atendimento médico. O filho contou ter conversado com o pai pela última vez pelo WhatsApp ainda nesse sábado. “Mas ele respondeu por escrito, e sempre mandava áudio. Eu vi que ele estava se sentindo muito cansado. Aí a gente foi vendo que não estava certo, que não estava normal”, disse.
Anderson afirmou ter passado a manhã inteira preocupado no trabalho. “Não consegui trabalhar direito. Pedi para minha esposa conversar com ele, e ele disse que estava bem, mas mandou por escrito, porque não estava conseguindo falar”, relatou. No entanto, Antoninho ainda conseguiu conversar a mãe de Anderson. “Ele disse que estava bem, que iria sair dessa e que não estava querendo ser transferido [para Araguaína]. Queria ir embora para Dourados, a cidade dele”, contou o filho.
No entanto, já à noite, quando saía da igreja às 21 horas, Anderson recebeu a notícia de o pai havia falecido. Antoninho vai ser cremado em Araguaína, e a família sequer poderá se despedir do caminhoneiro.