Caro dr. Bruno,
Gostaria inicialmente de cumprimentá-lo por sua nomeação para comandar essa importante pasta que é a Segurança Pública. Em meio à polêmica que está posta, torna-se importante destacar seu imenso desafio diante de criminosos que se organizam cada vez mais, de uma sociedade cada vez mais acuada e da necessidade que o Estado tem de reagir, se impor e garantir que a barbárie não impere. São esses pontos que precisam tomar o debate público, não disputas internas meramente corporativas.
O governador Wanderlei Barbosa não escolheu alguém para dirigir os recursos humanos da Polícia Civil do Tocantins, mas para coordenar o combate ao crime e garantir a segurança dos tocantinenses, juntamente com as demais forças, como a Polícia Militar.
Claro, secretário, que a valorização do policial é um ponto fundamental desse desafio que o Estado tem para vencer a bandidagem, e não pode ser menosprezado. Mas não é o único. Além disso, a nomeação de um secretário não é prerrogativa de sindicatos, associações e federações, mas do chefe do Executivo.
Ouvi como crítica o fato de você ter sido nos últimos meses presidente do Sindicato dos Delegados. Mas essa função não o desqualifica para o comando da secretaria. Ao contrário. Sua história de luta corporativa, com certeza, permitiu que conhecesse melhor as vísceras da pasta, seus pontos fortes e fracos.
É lógico, dr. Bruno, que terá que agir de forma salomônica. A partir do momento em que deixa de ser representante de uma categoria para comandar toda a Polícia Civil, o olhar precisará ser holístico, sabendo que um órgão prejudicado impede o funcionamento integral de corpo. Daí a necessidade de valorizar os delegados, mas também os policiais, os peritos e outras classes da Segurança Pública.
Por ser um cargo de confiança, o governador deve escolher alguém que considera merecedor dessa aposta pessoal e qualificado para a dura missão. E, óbvio, arcar com as consequências dos resultados, sejam eles bons ou ruins.
Assim, secretário, não cabe, por tudo isso, atos corporativos contra uma escolha que é única e exclusivamente do governador. É uma intromissão indevida de entidades, que têm todo o direito de solicitar, como fizeram, mas não de querer obrigar o governante a uma decisão. Se, no andar da nova gestão, as categorias atingidas se verem prejudicadas, podem se organizar, cobrar e, caso ignoradas, até fazer greve, como os trabalhadores de todos os setores. Mas impôr goela abaixo um nome ou nomes para que um governador atenda é algo totalmente despropositado.
Se Wanderlei aceitasse esse disparate estaria abrindo mão de obrigações que lhes foram dadas pelos eleitores tocantinenses. Seria uma forma de se omitir no seu dever de liderar.
Por isso, boa sorte à frente da Segurança Pública e feliz 2025.
Saudações democráticas,
CT