Caro Diogo,
Seu segundo mandato à frente da importante Associação Tocantinense de Municípios, a ATM, vai chegando ao fim, bem como seus oito anos no comando da gestão de Talismã. Em ambas as missões se mostrou à altura da grande responsabilidade que lhe foi confiada por sua população e pelos seus colegas prefeitos. Tenho dito que você é uma das excelentes revelações da política do Estado dos últimos anos, por isso, seu projeto de disputar vaga de deputado estadual é uma agradável notícia, principalmente para aqueles como eu que defendem uma amplíssima renovação da Assembleia. Mas sobre a sucessão na ATM, tenho ouvido algumas preocupações de prefeitos e outras lideranças que também são minhas e gostaria de compartilhá-las com o presidente.
A primeira diz respeito à necessidade da escolha de um gestor muito competente, sério, comprometido com o municipalismo para que o legado do presidente João Emídio, o homem que resgatou a ATM, não seja perdido. Creio que esse é dos menores problemas, afinal, experimentamos uma safra de excelentes prefeitos por todo o Estado. Lembro-me da campanha de João Emídio pela presidência, acredito que em 2014. Ele veio ao meu escritório e descreveu um cenário de caos na associação, com dívidas e desacreditada até pelos próprios prefeitos. Assim que assumiu, foi limpando a casa e deixou-a brilhando para seu sucessor, Jairo Mariano.
Outra preocupação é que a presidência vá para uma cidade maior. A ATM é, sobretudo, a associação dos pequenos municípios, os que mais sofrem as agruras de fazer gestão com pouquíssimos recursos. São os menores que mais precisam estar empunhados da bandeira do municipalismo em defesa, antes de tudo, do elo mais fraco da sociedade, a população mais carente. São essas localidades que concentram a maior parte das 180 mil famílias do Tocantins que, para a vergonha de todos nós, vivem abaixo da linha da pobreza. As prefeituras maiores enfrentam seus problemas, mas estão muito distantes, em termos de condições financeiras e de problemas socioeconômicos, das pequenas.
Por fim, a preocupação sempre presente do reaparelhamento da ATM pelo Palácio. Se os prefeitos aceitarem esse retrocesso estarão cuspindo em toda a luta de João Emídio. A associação não tem que ser oposição ao governo do Estado, que é um importante parceiro do municipalismo. Mas também não deve ser um “puxadinho” dele, como no passado. A entidade necessita de total autonomia para, respeitosamente, cobrar o que for de interesse dos municípios e até se manifestar claramente em público sobre possíveis entraves em negociações. O aparelhamento que existia até a eleição de João Emídio é um dos motivos do caos e da desmoralização da ATM naquela época. Assisti brigas homéricas entre governo de plantão e oposição pelo comando da entidade, em que a última preocupação era a qualificação de quem assumiria a presidência.
Vocês prefeitos, Diogo, têm experiência, maturidade e responsabilidade suficientes para escolherem entre si quem tem melhor qualificação para dar continuidade ao legado de João Emídio, sem retrocessos, sem serem tutelados por Palácio ou pela bancada federal. Eles são aliados fundamentais da luta municipalista, mas devem cuidar de suas prerrogativas e não se intrometer numa causa que não lhes diz respeito diretamente, simplesmente para ter a ATM como “feudo” pessoal.
Como admirador e alguém que testemunhou a luta de João Emídio, no que ele transformou a ATM e do reconhecimento público que obteve dos principais órgãos de controle pelo hercúleo trabalho realizado, torço para que os prefeitos de hoje mantenham o mesmo espírito altivo e a mesma seriedade, e que não se curvem à politicagem de quem eventualmente queira a associação como prêmio para se arvorar de poderoso.
Saudações democráticas,
CT