Caro eleitor tocantinense,
Ao impor derrota ao governo Lula nessa quarta-feira, o Congresso Nacional declarou guerra ao Palácio do Planalto. Traiu todos os acordos e apostou na desaprovação da gestão petista, que tem se mostrado fraca na relação com o Legislativo. O aumento do IOF derrubado pela Câmara e agora pelo Senado seria fundamental para equilibrar as contas públicas, impactaria mais o alto da pirâmide social e ajudaria a garantir a manutenção dos programas sociais, que são imprescindíveis num país que sustenta uma das mais injustas distribuições de renda do mundo. De outro lado, contraditoriamente, o mesmo Parlamento que cobra ajuste das contas e diz que o governo gasta muito — só não revela que é para redistribuição de renda — elevou o número de cadeiras na Câmara, a um custo de R$ 150 milhões a mais para os contribuintes brasileiros.
Como tenho dito, esse é o pior Congresso da história do País, dividido da seguinte forma, majoritariamente: os malucos do bolsonarismo-raiz, que defendem propostas bizarras para agradar seus loucos, como a tal anistia para os golpistas; a bancada do farisaísmo, que só fala em pautas de costumes — essa gente crucificaria Cristo novamente se Ele voltasse –; e os picaretas do Centrão, que querem faturar dinheiro por emendas, chantagens contra o Palácio e outras ações nada republicanas. Esses três segmentos se conversam e dominam o Congresso. Todos eles defendem os interesses da elite nacional — a mais cruel do mundo — e rejeitam qualquer concessão para melhorar a vida dos mais pobres. Por isso — e por boa parte dessa gente pertencer ao topo da pirâmide –, propostas moralizadoras para a justiça tributária, como cobrar mais impostos do 1% mais rico, que, proporcionalmente, pagam menos que professores, nunca são aprovadas.
Caros tocantinenses, a relação entre Executivo e Legislativo mudou desde que o Congresso impôs o pagamento de emendas, deu vida própria a esse monstrengo e elevou-o absurdamente. Hoje não depende do governo — só ver a cruzada do ministro do STF Flávio Dino para tentar moralizar essa aberração que os congressistas defendem a todo custo porque querem continuar tratando recursos do orçamento como se fossem dinheiro pessoal deles.
Assim, não adianta Lula distribuir ministérios para garantir base no Congresso, como ocorria no passado. Vejam só: na votação que derrubou o aumento do IOF na Câmara, dos 383 votos, 216 são de partidos que compõem o governo. É preciso que o Palácio mude a estratégia. O Congresso é hoje seu inimigo e vai atuar para derrubar a Presidência, não tenham a menor dúvida disso.
Lula deve fazer o que sabe de melhor: falar direto à população por rede de rádio e TV, redes sociais e lives. O governo está muito acomodado nas promessas dos picaretas que acha que tem como aliados no Parlamento. Não tem. Vão trabalhar pelas costas para derrubá-lo. Ou o presidente esquece essa gente a serviço da elite e busca essa comunicação direta, franca, didática e transparente com o povo brasileiro, ou será golpeado como Dilma Rousseff, ou enfraquecido totalmente para que sofra uma fragorosa derrota eleitoral em 2026.
Para terminar, deixo o novo mantra nacional: Congresso inimigo do povo!
Saudações democráticas,
CT