Caro vice-governador Laurez Moreira,
Desculpe meter meu bedelho, mas é que nessa intica do cartão corporativo fiquei numa dúvida assaz: você perdeu esse benefício por “estratégia preventiva para equilibrar as contas públicas”, como afirmou a secretaria executiva do governo ao portal Metrópoles, ou por que “não estava fazendo um trabalho de representação do Estado”, como justificou o governador Wanderlei Barbosa ao site Gazeta do Cerrado?
Veja, Laurez, claramente, ou um deles mentem, ou os dois. Explico: se você perdeu o sonhado cartão por necessidade de ajuste das contas, mente o governador. Agora se foi porque não representa o Estado, o nariz que cresceu foi da secretaria. Contudo, se ficou sem poder pagar seu custeio de trabalho por retaliação de Wanderlei, que levanta suspeitas contra você, mentem os dois, governador e Palácio.
Como um disse uma coisa e outro apontou nova justificativa, decidi ir à fonte para entender por que o vice-governador está sem cartão corporativo. Poderia nos explicar?
De toda forma, Laurez, não acredito que foi por ajuste das contas. O corte do cartão corporativo que estava com você ocorreu no ano passado, quando o governo gastou como se não houvesse amanhã. Tanto que extrapolou o limite de alerta e já está quase estourando o limite prudencial, ambos fixados pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Além disso, técnicos bons da Secretaria da Fazenda me segredam que o custeio está em torno de 24%, quando deveria ficar abaixo de 10%.
Por outro lado, Laurez, vejo você em agendas importantes para o Tocantins, como o seu encontro com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, semana passada, e todos os dias o noto recebendo prefeitos e outros líderes tocantinenses. Assim, não me parece que o problema também seja porque o vice não representa o Estado.
Pode ser que seu protagonismo incomode. E sua relevância ocorre por causa da preocupação da sociedade, pelo menos da parte pensante dela, com o momento de desequilíbrio das contas públicas. É mais importante um líder com conhecimento de gestão, como seu caso, do que outro que foca quase toda a sua ação no mundo futebolístico, tema que tomou a maior parte da agenda de Wanderlei nos últimos dez dias, por exemplo.
Inclusive, é o que deveremos sentir se não houver mesmo renúncia em abril do ano que vem. A despeito da eleição — ganhe quem o eleitor entender como melhor para o Estado –, o importante de ter você pelo menos por oito meses no comando do Palácio era justamente para rearrumar casa, que foi revirada de cabeça para baixo, para entregá-la organizada ao sucessor. Aliás, como Wanderlei encontrou-a em outubro de 2021. Se esse trem descarrilhado continuar sem controle, ladeira abaixo, o próximo gestor, amigo, terá meses muito amargos.
Saudações democráticas,
CT