Caro prefeito Léo Cunha,
Se há algo de bom que podemos tirar dessa tragédia lastimável da Ponte JK — resultado da omissão de muitos — é a certeza de que estamos irmanados, os povos tocantinense e maranhense. Sobretudo nós que estamos no centro do Tocantins, muitas vezes não damos a atenção devida ao fato de que os três Estados dessa região fronteiriça se amalgamam nas suas alegrias, e também nas suas dores, como agora. Temos, portanto, que ser mais diligentes uns com os outros.
Isso ficou claro, por exemplo, Léo, na confusão que tomou conta de Tocantinópolis e Porto Franco, no seu Maranhão, após o prefeito tocantinense Fabion Gomes proibir a circulação de caminhões carregados no perímetro urbano da cidade. Os protestos que se seguiram mostraram como uma decisão de qualquer lado impacta imediatamente as populações de ambos os Estados.
Agora vem essa luta de Tocantins e Maranhão para garantir que nossas populações possam atravessar o rio, quase 40 dias depois do acidente, diante da mais absurda omissão do governo federal, que deveria ter oferecido esse serviço já imediatamente após a tragédia que nos abateu. O governo tocantinense, com a Prefeitura de Aguiarnópolis, assegura desde essa segunda-feira dez voadeiras para a travessia e você, em Estreito, requisitou as duas balsas da Pipes. Ambos se complementam, ainda que sem combinar, para aliviar um pouco o brutal sofrimento imposto à nossa gente.
Todo esse lenga-lenga, prefeito, é para dizer que tocantinenses, maranhenses, paraenses e outros Estados irmãos deveríamos agir mais em conjunto em relação aos temas que são de interesse comum. Este caso da ponte é um deles, sem dúvida. O relato que fiz dos impactos que flagelam os povos nos dois lados do rio mostra isso.
Por que governos do Tocantins e Maranhão, e suas respectivas bancadas federais, têm que se movimentar isoladamente, dividindo forças? Por que não juntos, os dois Estados, ocuparem ministérios, Dnit, o omisso, e até o Palácio do Planalto para cobrar solução já, contra esse desprezo covarde e cruel com as regiões atingidas? Até quando, prefeito, vamos permitir que continuem ignorando o drama que o governo federal criou ao não zelar pelas condições daquela ponte?
Ainda estamos sem governador por aqui. Como o prefeito deve saber, o nosso está na Suíça resolvendo um lance de crédito de carbono, cuja eficiência para o meio ambiente e compensação financeira para o Tocantins já tem especialista questionando. Também estamos sem o vice no comando porque o titular o impediu de assumir. Restou-nos seguir à deriva até a missão suíça terminar para, enfim, acontecer alguma movimentação mais forte que possa tirar o nosso Bico do Papagaio do caos. Desculpe-me falar-lhe dessas desavenças de cozinha, mas elas também acabam impactando nossos Estados. Para ver, Léo, o quanto estamos irmanados.
Parabéns por sua atuação à frente desta crise, e a nossa esperança é de que tudo isso passe logo e tenhamos motivos de comemoração para nos corresponder.
Saudações democráticas,
CT