Caros Alexandre e Gaguim,
Ainda que por vias tortas, vocês abriram os debates sobre as eleições de 2026, quando também duas vagas de senador estarão em jogo, de Eduardo Gomes e Irajá, eleitos em 2018. A discussão travada é menor, se um pode disputar por ter mais tempo de “Casa” e o outro não, por não ter prefeitos em sua base. Afinal, quem decide se alguém será ou não senador são os mais de 1 milhão de eleitores tocantinenses, a despeito de se a carreira do postulante é longa ou curta na vida pública ou de quantos líderes estão no projeto.
Lógico que ambos têm total legitimidade para concorrer à vaga. Alexandre, a grande surpresa de 2022, chegou à Câmara rapidamente e tem conquistado, pelo carisma e vivacidade, aliados por todas as cidades. Gaguim, com longa história com o Estado e pelos serviços prestados aos municípios, assegura para si fortíssimo apoio dos prefeitos. Assim os dois podem, sem dúvida, construir sólida candidatura.
A disputa pelo Senado em 2026 deve ser muito forte, repleta de bons quadros que há muito tempo tentam emplacar o nome, como o empresário e técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo (Podemos), que agora já possui uma história de vida pública consolidada no Tocantins, o que o qualifica a se apresentar em busca de uma dessas vagas. O colega de vocês na Câmara Vicentinho Júnior também já está na estrada desde o ano passado. O próprio governador Wanderlei Barbosa não pode ser descartado desse rol, uma vez que divergências pontuais, como a que tem com seu vice, Laurez Moreira, podem ser superadas, como se vê com muita frequência na política, e, se isso ocorrer, ele voltará ao páreo como um candidato fortíssimo. Digo até difícil de ser batido se terminar a gestão bem avaliado, como atualmente. E há ainda os “donos” da vaga, Gomes e Irajá.
Dessa forma, caros, essas trocas de alfinetadas prematuras sobre quem tem direito a concorrer são simplesmente desnecessárias. Qualquer tocantinense, com filiação partidária e mais de 35 anos, pode disputar, com total legitimidade. O debate precisa ser mais profundo: para que se quer ser senador? Com todo o respeito, mas, como alguém que cobre o dia a dia da política há mais de 32 anos, digo sem receio que assistimos as piores legislaturas do Senado e da Câmara.
De um lado, um grupo que visa o espetáculo, pautando temas de uma realidade paralela imbecilizada, ignorando as prementes demandas sociais — reais, concretas, objetivas — e, de outro, os que visam a retirada de direitos e a fragilização da rede de proteção da classe trabalhadora, com o olhar único e exclusivo nos interesses do grande capital e do empresariado em geral; o desmonte de políticas ambientais, a ação contra medidas de inclusão social e de justiça tributária, como a derrubada do Imposto sobre Grandes Fortunas. Claro, temos ainda bons parlamentares, porém, uma minoria sem peso nesse cenário de barbárie e que deve estar assustada e envergonhada.
Se do lado de vocês e dos líderes do Estado, a régua para medir condições de candidatura for tempo de vida pública e apoio de prefeitos, a dos eleitores, sobretudo da classe trabalhadora, precisa ser outra: quem está atuando para fazer retroceder as conquistas civilizatórias que vieram a partir da Constituição de 1988 e para assegurar que o Brasil continue sendo o país que privilegia poucos às custas da exploração da maioria, como ocorre há mais de cinco séculos.
Penso, deputados, que quem só busca voto de pobre para colocar o mandato servilmente para os ricos se fartarem ainda mais deveria ser expurgado vida pública. Esse precisaria ser o critério definidor de candidatos a deputado ou a senador. Mas, reconheço, temos muito a educar nosso povo e, até lá, os debates continuarão rasos e os votos dos pobres voltados como armas para a própria cabeça deles.
Saudações democráticas,
CT