Caros eleitores e eleitoras,
É mais fácil empurrar um Fusca do que um caminhão. Claro, por outro lado, o caminhão é muito mais potente que o Fusca e pode carregar muito mais gente. Contudo, é mais lento, exige mais perícia para dirigi-lo e muito mais dinheiro para mantê-lo. Essa imagem me vem à cabeça quando vejo falar da União Progressista, a poderosíssima e complicadíssima federação formada por União Brasil, da senadora Dorinha Seabra Rezende, e Progressistas, do deputado federal Vicentinho Júnior. A frente partidária contará com muito dinheiro — estima-se R$ 953,8 milhões em fundo eleitoral e R$ 197,6 milhões em fundo partidário — e amplo número de representantes — 109 deputados federais e 14 senadores, 6 governadores, 1.400 prefeitos e 12 mil vereadores.
Como se vê, senhoras e senhores, são números inflados, que tornam essa federação um imenso, poderoso, mas pesado mastodonte. Quando se atenta para o cenário político tocantinense, esses dados fazem com que a pré-candidatura a governadora de Dorinha salte ainda mais aos olhos. Ela, que saiu com uma vitória maiúscula das eleições municipais, com essa estrutura, tende a se fortalecer ainda mais com o fluxo de líderes que deve escorrer aos montes em direção à União Progressista.
Porém, o tendão de Aquiles desse gigante aparentemente imparável pode ser a disputa para o Senado. São dois pré-candidatos internos para essas vagas, os deputados federais Carlos Gaguim, do União Brasil, e Vicentinho Júnior, presidente regional do Progressistas. Ambos, inclusive, aparentemente, não se bicam muito, até quase partiram para a chamada desinteligência numa reunião da bancada federal, há poucos anos, e tiveram que ser contidos por seus colegas congressistas. Lógico que isso pode ser águas passadas e em nada influenciar nos rumos do grupo.
Mas fato é que ambos estão determinados em disputar o Senado e não demonstram nenhuma disposição em ceder, o que exigirá de Dorinha muita habilidade para garantir que possam concorrer ou para que um deles reflua e a federação tenha condição de agregar novas frentes e, assim, amplie a composição na corrida sucessória. Soa como algo muito simples e não é. Há quem garanta que a coisa mais certa neste momento é que a União Progressista tem uma enorme confusão programada para eclodir nas proximidades das convenções do ano que vem.
Apenas um partido, ainda que em forma de federação, vai ficar com as vagas de governador e as duas de senador? Então, meus caros e minhas caras, se isso se confirmar, estará dizendo que não precisa de mais ninguém, que se basta. E não é assim que a banda toca. Quem tiver dúvida é só ver o exemplo da “prefeita” que já era considerada eleita em Palmas Janad Valcari no ano passado. Com um mastodonte também enorme que se arrastava pela Capital, com tantos líderes que nem sabia como comportar todos eles, foi derrotada, após todos darem como certo que a conquista do Paço viria ainda no primeiro turno. E olha que a frente de Janad era diversificada: ela do PL, seu vice, o jovem Pedro Cardoso, do Republicanos, e vários outros partidos.
Senhoras e senhores, eleição é grupo, e quanto mais diverso melhor. Ser imenso e ter muito dinheiro não são garantias de vitória por si só. E é aí que está o drama ao qual o mastodonte União Progressista terá que sobreviver. Sobretudo se do outro lado estiver outra máquina também poderosa e sempre diversificada, por atender as mais diversas correntes, a do Palácio.
Saudações democráticas,
CT
- Esta coluna passa a ser publicada às terças, quintas e sábados.