Caros líderes empresariais tocantinenses,
O balanço do Serasa divulgado pela CCT que aponta que 417 mil tocantinenses não sabem que estão endividados, dos quais 165,8 mil já foram negativados, é mais um motivo para os senhores e senhoras ficarem preocupados com a piora das contas públicas do Estado. Um especialista da área econômica fez uma reflexão para mim que considerei oportuna e preocupante. Vejam: somados os 417 mil endividados aos 465 mil tocantinenses que vivem abaixo da linha de pobreza, o resultado são 882 mil pessoas sem poder de compra, o que representa 56% da nossa população.
Como todos sabemos, ainda que nossa economia tenha avançado muito nos últimos anos, continuamos a manter uma grande dependência dos recursos injetados pelo Poder Público no comércio, seja pelos municípios, Estado ou União, por meio de salários e pagamento de fornecedores. A fatia mais considerável desse volume que chega ao mercado regional é do governo do Tocantins.
Todos nos lembramos do estrangulamento da economia com a profunda crise fiscal iniciada em 2007 e que foi se agravando, com a sucessão de governos, entre cassações, renúncias e má gestão. Por volta de 2013, o governador Siqueira Campos chegou a reclamar publicamente ao se autodefinir como um “gerentão de folha de pagamento”. E ele tinha razão. Sem qualquer liquidez, isto é, sem capacidade de investimento, a única coisa que restava ao Estado era pagar salários.
A situação se agravou a partir de 2015 e a remuneração do funcionalismo teve que ser transferida para o dia 12. O Plansaúde volta e meia era suspenso pelos prestadores de serviços por falta de pagamento, o governo chegou a descontar consignados de servidores, mas sem repassar aos bancos (porque não havia dinheiro, e muitas pessoas foram negativadas), e, entre outros danos para a população, os fornecedores em geral tinham imensa dificuldade de receber, com meses e meses de atraso.
Isso, senhores e senhoras, óbvio, travava a economia. Eram recursos que deixavam de circular no mercado. Ou seja, não giravam das pessoas para as empresas e vice-versa.
A arrecadação do Estado cresceu muito nos últimos anos e as contas públicas foram ajustadas. Dessa forma, governo voltou a ter liquidez e a investir e pagar servidores e fornecedores em dia. No entanto, os números mostram que a situação tornou a se agravar e é preciso um freio de arrumação neste momento, mas não se vê nenhuma medida anunciada.
Podem dizer que tenho insistido muito nesse tema, que virou “um samba de uma nota só” por aqui, mas é o mais premente para o futuro do Estado. Ou o governo controla suas contas agora e corrige essa rota catastrófica que se desenha, ou o sacrifício que vai exigir depois, novamente, de toda a sociedade será enorme.
A ação dos líderes empresariais tocantinenses para convencer o governo da importância dessas medidas é fundamental para evitar sofrimentos que certamente virão, considerando o desalinho atual das contas e a pré-campanha eleitoral de 2026 que já vai começar — com ela chega a gastança desenfreada.
Esperamos que não se furtem a agir neste momento. Reclamar depois será muito cômodo.
Saudações democráticas,
CT