Caros palmenses,
A coisa fica mais nebulosa a cada dia. Vamos começar pela visita do prefeito em exercício Carlos Velozo à Câmara na posse do vereador Petion Conrado, suplente do PSB que ficará no lugar de Carlos Amastha, novo secretário da Zeladoria Urbana. No geral, o que se destacou foi que os parlamentares mantiveram a sobriedade nas falas, nada de efusivas manifestações de apoio ao novo gestor nem das costumeiras rasgações de seda. As rogativas comuns eram para que a situação do prefeito Eduardo Siqueira Campos seja solucionada e a cidade possa voltar à normalidade.
No particular, o que se sobressaiu foi que o vereador Vinícius Pires, opositor mais contumaz de Eduardo, foi o único a defender entusiasticamente o prefeito em exercício e criticar os que ousaram colocar senões nas primeiras medidas de Velozo. Aliás, Pires, que nunca participava de eventos da prefeitura sob o comando de Eduardo, não só foi no início da noite de quarta-feira à inauguração da Praça Brasília, no Aureny I, como discursou pela primeira vez num evento do governo municipal, revelou que estava ali a convite do próprio Velozo e até descerrou a placa ao lado do novo gestor. Sinal inequívoco de que algo mudou na relação, se a base se contém e oposição se empolga e se agita.
Aí no final da noite vazou a informação sobre a possível negativa para a soltura do prefeito Eduardo ou para que ele fosse posto em prisão domiciliar. Atenção: informação vazada num processo do STF que investiga, justamente, vazamento de informações no STJ. Vale então o dito: em casa de ferreiro espeto é de pau, ou faça o que digo e não o que faço. O print feito às 22h38 mostrava o processo concluso ao relator ministro Cristiano Zanin, mas sem qualquer decisão. Contudo, antes disso, sites do Tocantins já davam a notícia de que o magistrado negou o pedido de soltura da defesa de Eduardo.
Nada contra os sites que cumpriram sua obrigação de informar. Se a notícia chegou até eles, tem que publicar mesmo. Cumpriram meramente seu dever de ofício. A questão que coloca Zanin em xeque é como essa informação chegou aos jornalistas tocantinenses antes de haver uma movimentação no processo com a decisão do ministro.
Isso, por si, mostra a fragilidade da decisão que levou o prefeito de Palmas à prisão, gerando essa enorme instabilidade política que vivemos, ainda que Velozo negue. Vejam: três secretários entregaram seus cargos, o que prejudica o andamento das pastas; o deputado federal Vicentinho Júnior, o que mais destinou recursos ao município neste início de gestão, entrou no modo de espera porque não está gostando do que vê, segundo disse a este colunista, o que também atrapalha; e a população já se sentiu prejudicada, porque não terá mais a apresentação da Esquadrilha da Fumaça, programada para domingo, cancelada em função de todo esse clima nebuloso. E como não há instabilidade política? Só há.
Por fim, reafirmo o que pontuei no início da semana, para gostos e desgostos: a decisão que afastou o prefeito eleito democraticamente, atropelou a soberania popular e jogou a cidade em toda essa instabilidade é pastel de vento. Só tem fuxico. Digo isso porque 1) sei ler e interpretar texto; 2) tenho mais de três décadas de leitura de sentenças e decisões judiciais; e 3) ouvindo advogados altamente qualificados aos quais sempre recorro para me ajudar a entender as medidas judiciais. E nenhum desses profissionais da minha inteira confiança, extremamente experientes, competentes e bem-sucedidos, pensam diferente disso, ou seja, que essa decisão de Zanin é paupérrima. Fora dela pode ter muita coisa contra Eduardo — e, se for o caso, deveria ser mostrado –, mas ela é feita somente à base do fuxico.
Saudações democráticas,
CT