Caros prefeitos e prefeitas tocantinenses,
Os senhores e senhoras devem eleger nesta quinta-feita seu colega de Cristalândia, Big Jow, para presidir a Associação Tocantinense de Municípios, a ATM. Big Jow é um companheiro de antigas jornadas, de quando era chefe de gabinete da gestão do hoje deputado federal Ricardo Ayres no comando da Secretaria Estadual da Juventude, ainda no primeiro governo Marcelo Miranda (2003-2006). Na época em que eu ainda cobria a política in loco, pegávamos uns aviõezinhos tremulantes do Estado para eventos no interior. Ao nosso lado, o jovem e talentoso assessor jurídico da pasta, Auri-Wulange Ribeiro Jorge, sempre esfregando as mãos como se fosse enfiar uma na outra e suando frio.
Auri, em Axixá, e Big Jow, em Cristalândia, bem como Ricardo Ayres, se tornaram importantes revelações da política tocantinense. Por isso, fico muito feliz de vê-los galgando espaços na vida pública. Com a mesma alegria recebo a eleição de Big Jow à presidência da ATM. Assim, a preocupação não é sobre a qualificação do prefeito de Cristalândia para esse desafio. Isso tem, e de sobra. O que compartilho da inquietação de parte dos prefeitos — como escrevi esses dias — é a forma como a candidatura dele foi construída e que projeto que vai chegar ao comando da entidade.
O municipalismo, senhoras e senhores, é uma bandeira das mais importantes para a vida do cidadão. Afinal, ele mora no município, não no Estado ou no país, que são abstrações. Ou seja, a população sente as necessidades mais urgentes no local onde habita e elas não são levadas primeiro ao governador ou ao presidente da República, mas ao prefeito. Até mesmo naquilo que diz respeito a outras instâncias, como a segurança pública, em momentos de crise, quem sofre primeiro com as insatisfações dos moradores é o chefe do Executivo municipal. Se o prefeito se entrega ao jogo lacaio de silenciar diante dos problemas cuja solução cabe a outros níveis de Poder, para poupar a imagem do governador ou do presidente, terá que assumir os desgastes da contrariedade de seus munícipes.
Levando essa situação à amplitude das obrigações de uma associação municipalista, se a entidade se torna puxadinho do Palácio, significa que terá que se calar diante das demandas levadas a ela por seus filiados, as prefeituras. Se preferir ser fiel à tutela dos que o elegeu e não a quem de direito, a população que mora nos municípios, representada pelos prefeitos, o presidente da associação vai estar sacrificando as comunidades locais em nome de sua servidão aos poderosos.
Essa é a preocupação de parte dos prefeitos, vários deles já dispostos a se desfiliar da ATM — alguns, inclusive, já o fizeram. Ao mesmo tempo, esse é o maior desafio de Big Jow: provar que os princípios de autonomia trazidos por João Emídio, e que resgataram a credibilidade da entidade, não serão jogados fora agora em troca de um cargo em que o presidente se tornará mero figurante e cabo eleitoral de luxo.
Essa campanha eleitoral da ATM me lembrou aquelas dos tempos da briga entre siqueristas e marcelistas, da segunda metade dos anos 2000, quando o Palácio colocava o presidente da associação embaixo do braço para exibi-lo como demonstração pública de sua força política. Era um negócio horroroso e que jogou a associação no total descrédito.
Como estamos iniciando o processo eleitoral de 2026, numa pré-campanha que será longa, e como este governo tem mostrado que faz política de corrutela, de perseguição, boicote e exigindo prova de fidelidade canina de todos com quem se relaciona, a preocupação dos prefeitos que estão deixando a ATM faz todo o sentido. Eles esperam que Big Jow prove que não será mais um lacaio do Palácio.
Torço muito para que consiga.
Saudações democráticas,
CT